ATA DA SEPTUAGÉSIMA NONA
SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA
LEGISLATURA, EM 29-8-2013.
Aos vinte e nove dias do
mês de agosto do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas
e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto
Ferronato, Any Ortiz, Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta,
Engº Comassetto, João Carlos Nedel, Lourdes Sprenger, Mario Fraga, Mauro
Pinheiro, Nereu D'Avila, Professor Garcia, Séfora Mota e Tarciso Flecha Negra. Constatada a existência de quórum, o
senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os vereadores Alberto Kopittke, Alceu Brasinha, Christopher
Goulart, Delegado Cleiton, Dr. Cristaldo, Elizandro Sabino, Fernanda
Melchionna, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Mario Manfro,
Mônica Leal, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Prof. Alex Fraga, Reginaldo Pujol,
Valter Nagelstein e Waldir Canal. À
MESA, foram encaminhados: o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 006/13
(Processo nº 2284/13), de autoria do vereador Clàudio Janta; os Projetos de Lei
do Legislativo nos 275 e 278/13 (Processos nos 2438 e
2447/13, respectivamente), de autoria do vereador João Carlos Nedel; o Projeto
de Lei do Legislativo nº 270/13 (Processo nº 2344/13), de autoria do vereador
Marcelo Sgarbossa; o Projeto de Resolução nº 029/13 (Processo nº 2375/13), de
autoria da vereadora Mônica Leal; e o Projeto de Resolução nº 031/13 (Processo
nº 2416/13), de autoria do vereador Nereu D'Avila. Também, foi apregoado
Memorando nº 043/13, de autoria da vereadora Jussara Cony, deferido pelo senhor
Presidente, solicitando autorização para representar externamente este
Legislativo, hoje, na cerimônia de posse do novo diretor técnico do Grupo
Hospitalar Conceição, às onze horas, em Porto Alegre. Durante a Sessão, foram
aprovadas as Atas Declaratórias da Sexagésima Quinta e Sexagésima Sexta Sessões
Ordinárias. A seguir, o senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário,
dos senhores Rodrigo Puggina, do Conselho Penitenciário do Estado do Rio Grande
do Sul, e Humberto Ruga, ex-Presidente da Federação das Associações Comerciais
e de Serviços do Rio Grande do Sul – FEDERASUL – e da senhora Tânia Sporleder
de Souza, Presidenta da Fundação de
Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário – FAESP –, convidando Suas
Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA
POPULAR, à senhora Tânia Sporleder de Souza e ao senhor Humberto Ruga, que
discorreram sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 079/13 (Processo nº
0965/13), que cria o Programa de Oportunidades de Emprego a Egressos do Sistema
Prisional e a Menores Infratores do Município de Porto Alegre. Em continuidade,
nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Nereu D'Avila, Reginaldo
Pujol, Engº Comassetto, Professor Garcia, Delegado Cleiton e Alberto Kopittke e
as vereadoras Fernanda Melchionna e Jussara Cony manifestaram-se acerca do
assunto tratado durante a Tribuna Popular. Na ocasião, o senhor Presidente
registrou o transcurso, hoje, do aniversário do vereador Delegado Cleiton. Às quatorze
horas e cinquenta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quatorze horas e cinquenta e quatro minutos. Em
prosseguimento, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES destinado, nos termos do artigo 180, §
4º, do Regimento, a assinalar o transcurso do Dia Nacional da Visibilidade
Lésbica. Compuseram a Mesa: o vereador Bernardino Vendruscolo, 1º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a senhora Ana Naiara
Malavolta, representando a Liga Nacional de Visibilidade Lésbica; a senhora
Waleska Vasconcellos, Secretária Adjunta Municipal dos Direitos da Mulher; a
senhora Priscila Leote, representando a Secretaria Estadual de Políticas para a
Mulher; e a senhora Maria Odete Bento, representando a Secretaria Adjunta da
Livre Orientação Sexual. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos
do artigo 180, § 4º, incisos I e II, às senhoras Ana Naiara Malavolta, Maria
Odete Bento, Priscila Leote e Waleska Vasconcellos, que se pronunciaram sobre o
tema em debate. A seguir, em face do afastamento do vereador Dr. Thiago, a fim
de exercer o cargo público de Prefeito Municipal de Porto Alegre, em substituição,
no dia de hoje, o senhor Presidente declarou empossado na vereança o suplente
Dr. Cristaldo, informado que Sua Senhoria integrará a Comissão de Constituição
e Justiça. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do
Regimento, pronunciaram-se os vereadores Séfora Mota, Alberto Kopittke, Jussara
Cony, Professor Garcia, Fernanda Melchionna, Prof. Alex Fraga, Dr. Cristaldo e
Clàudio Janta. Na oportunidade, foi apregoado o Memorando nº 054/13, de autoria
da vereadora Sofia Cavedon, deferido pelo senhor Presidente, solicitando
autorização para representar este Legislativo, hoje, na abertura oficial do
Pavilhão da Agricultura Familiar na EXPOINTER, às onze horas, no Município de
Esteio – RS. Ainda foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Reginaldo
Pujol (Processo nº 2556/13), deferido pelo senhor Presidente, solicitando
autorização para representar externamente este Legislativo, hoje e amanhã, em
evento da Comissão Parlamentar de apoio às obras de acesso aos locais onde se
desenvolverão os jogos da Copa do Mundo 2014, no Município de São Paulo – SP.
Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o
tema em debate, às senhoras Ana Naiara Malavolta e Waleska Vasconcellos. Às dezesseis
horas e treze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às dezesseis horas e quatorze minutos. A seguir, foi iniciado o
período de COMUNICAÇÕES destinado a assinalar o transcurso da Semana e do Dia
do Corretor de Imóveis e a homenagear o Sindicato dos Corretores de Imóveis do
Estado do Rio Grande do Sul – SINDIMÓVEIS –, pelo ducentésimo quinto ano da
profissão de corretor de imóveis, nos termos do Requerimento nº 139/13
(Processo nº 2263/13), de autoria dos vereadores Bernardino Vendruscolo e
Márcio Bins Ely. Compuseram a MESA: os vereadores Bernardino Vendruscolo e
Márcio Bins Ely, respectivamente 1º Vice-Presidente e vereador da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o senhor Moacyr Schukster, Presidente do Sindicato
das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais
e Comerciais – SECOVI –; o senhor Sidney Fontoura Gomes, Presidente do
SINDIMÓVEIS; e o senhor Roberto Santiago, Diretor-Tesoureiro do Conselho
Regional dos Corretores de Imóveis – CRECI/RS. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se o
vereador Márcio Bins Ely. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador
Bernardino Vendruscolo. Em prosseguimento, o senhor Presidente concedeu a
palavra aos senhores Moacyr Schukster, Roberto Santiago e Sidney Fontoura
Gomes, que agradeceram a homenagem prestada por este Legislativo. Às dezesseis
horas e cinquenta e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e cinquenta e cinco minutos. Em
COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Clàudio Janta, Christopher Goulart,
Lourdes Sprenger, Alberto Kopittke, Mauro Pinheiro e Marcelo Sgarbossa. Em
GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os vereadores Marcelo Sgarbossa, em tempo
cedido pelo vereador Engº Comassetto, e Prof. Alex Fraga, em tempo cedido pela
vereadora Fernanda Melchionna. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se a
vereadora Fernanda Melchionna. Durante
a Sessão, a vereadora Séfora Mota e o vereador Clàudio Janta manifestaram-se
acerca de assuntos diversos. Também, foram registradas as presenças, neste
Plenário, dos senhores Jandir Carrasco e Sílvio Feijó. Às dezoito horas e nove
minutos, constatada a inexistência de quórum, o senhor Presidente declarou
encerrados os
trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pela pelos vereadores Bernardino
Vendruscolo, Márcio Bins Ely, Mauro Pinheiro e Clàudio Janta e secretariados
pelo vereador João Carlos Nedel. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após
distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Passamos à
A Tribuna Popular de hoje tratará de assunto
relativo à manifestação de apoio ao Projeto de Lei do Legislativo nº 079/13,
que cria o Programa de oportunidades de emprego a egressos do sistema prisional
e a menores infratores do Município de Porto Alegre. O tempo regimental de 10
minutos para a manifestação dos representantes da FAESP será dividido entre
dois oradores. A Sra. Tânia Sporleder de Souza, Presidente da FAESP, está com a
palavra.
A SRA. TÂNIA
SPORLEDER DE SOUZA: Boa-tarde a todos, estou aqui como Presidente
Fundação de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário – FAESP, como cidadã e
como cidadã honorária de Porto Alegre, votada, portanto, pelos Vereadores aqui
de Porto Alegre.
A FAESP, há 16 anos, atua na cidade de Porto
Alegre, onde atende especificamente os egressos do sistema penitenciário;
egressos esses que estão em liberdade condicional ou liberdade total. Na FAESP,
portanto, quando eles vão até nós, à Casa do Egresso, onde são recebidos, eles
passam pelo plantão de atendimento nas áreas da educação, saúde, trabalho e
psicossocial. Nessa Casa do Egresso, eles são acompanhados para que, com esse
acompanhamento, eles vão se conhecendo melhor, vendo as suas qualidades e as
suas capacitações, para poderem estar melhor com as suas famílias.
Então, essa pessoa que tem um potencial como qualquer
outro de nós será acompanhada para que possa se capacitar e também entrar no
mercado de trabalho. Nesses 16 anos de trabalho nosso, de 1.300 egressos
atendidos, 85,78% não tiveram reincidência criminal. Então, esse fato, esse
índice nos traz, a cada ano, a vontade de acompanhar essas pessoas, confiar
nessas pessoas, porque também são pessoas de bem, para que não voltem a
reincidir, fazendo com que diminua a violência em Porto Alegre e em qualquer
outro lugar do qual eles fazem parte.
Então, é importante que, nesta tarde, este Projeto
que será defendido pelo Ver. Nereu, seja aprovado em benefício dos egressos,
mas também da nossa sociedade. E assim, estamos presentes aqui, confiando na
aceitação deste Projeto. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Obrigado, Sra. Tânia. De imediato, passo a palavra
ao Sr. Humberto Ruga.
O SR. HUMBERTO
RUGA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, agradeço o convite e
quero dizer da minha experiência de 40 anos com o trabalho prisional. Comecei
no Natal do ano de 1970, visitando um funcionário municipal que havia sido
preso pela revolução e, depois foi meu funcionário.
A partir daquele momento, comecei a fazer o meu
trabalho na base da solidariedade. A partir da década de 1980, passei a ser
egoísta: comecei a fazer o trabalho não só por solidariedade, mas por
sobrevivência. Se nós não modificarmos a situação prisional na nossa Cidade, no
nosso Estado, no nosso País, cada vez mais vamos ficar reféns da criminalidade.
Não existem projetos efetivos que tragam redução de
pena para os apenados, fazendo com que o seu trabalho reverta em prol da
sociedade.
O Ministro Berzoine teve uma ideia infeliz,
sancionada pelo Presidente Lula, quando acabou com eventuais benefícios fiscais
que existiam para as empresas que empregavam presidiários. Em 2000, no Governo
Olívio, chegamos a ter 18 mil presidiários trabalhando, para um total de 21 mil
presos. Com essas medidas do Governo Federal, houve uma redução, e o Estado do
Rio Grande do Sul tem em torno de três mil presidiários trabalhando. Naquela
época, só a produtora de bolas tinha em torno de três mil empregados que
trabalhavam e produziam. Com a taxação, as empresas se retiraram.
Eu fico muito feliz em vir aqui, à Câmara Municipal
da minha Cidade, da qual eu sou cidadão honorário, para apoiar esse Projeto dos
egressos e dos jovens que também erraram, porque só o trabalho dignifica o
homem – o ócio que existe em nossas cadeias não tem condições de recuperar
nenhum preso.
Lembro-me que, na década de 1970, o Pedro Carneiro Pereira, falecido,
transmitiu um Gre-Nal, dentro do presídio, por uma solicitação do ex-Vereador
Araújo. Havia, então, condições de trabalho; havia, também, melhores condições.
Hoje, o nosso Presídio Central tem três vezes a sua lotação: em torno de 4.800
– e já chegou a atingir a 5.150 presos –, ou seja, mais presos que a maioria
dos Municípios do Estado do Rio Grande do Sul.
Então este espaço que a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre está dando, eu espero que seja acolhido pelo Prefeito Municipal,
porque tenho certeza de que as empresas apoiarão. Na gestão passada do Governo
Estadual, conseguimos, junto ao Sinduscon, a abertura de 12 mil vagas –
infelizmente, só 150 vagas foram preenchidas.
Eu poderia aqui falar a tarde inteira sobre o
trabalho prisional, sobre o Projeto Trabalho Para a Vida, do qual também faço
parte, sobre o Conselho da Comunidade, do qual sou tesoureiro; mas eu quero
aqui destacar algumas pessoas que se dedicam ao trabalho prisional, como a Dra.
Tânia Sporleder de Souza, como a Maria Lúcia Médici, como a Elizabeth Fontana,
como as igrejas que fazem este trabalho que mantém o presídio em verdadeira
calmaria, porque muitos não devem se esquecer do que já aconteceu no Presídio
Central com aquela célebre fuga em que invadiram o Plaza São Rafael. Qualquer
coisa em benefício dos egressos e dos jovens infratores só fará bem à nossa
sociedade. Eu conto com o apoio de todos os senhores. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. NEREU
D’AVILA: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Sr. Humberto Ruga, Sra.
Tânia Sporleder de Souza, Sr. Rodrigo Puggina, que nos honram com suas
presenças nesta tarde aqui na Câmara; os nossos colegas Vereadores e Vereadoras
ainda não tiveram contato direto com este Projeto porque ele recém começou a
sua tramitação, ainda passa por diversas Comissões, mas quero agradecer a
presença de V. Sas. aqui na Câmara, porque trouxeram um apoio à ideia para a
qual o Dr. Ruga inclusive expressou já o seu conhecimento.
Na verdade, este Projeto é para possibilitar a
oportunidade aos egressos do sistema penitenciário e aos da FASE, monitorados
evidentemente pela FAESP, que é a Fundação de Apoio aos Egressos do Sistema
Penitenciário, e pela FASC, que é a Fundação Municipal que faz a política
social do Município, para que possam encontrar alguma situação de emprego ou
estágio – no caso, aqui na Câmara, anos atrás houve estágio, inclusive – esses
meninos que, monitorados, podem colaborar. Pelo que o Dr. Ruga declarou, se
analisarmos as circunstâncias lendo jornais, a maioria, 90% das situações de
assalto e de infringência, ou seja, de violência, são por pessoas que estão
provisoriamente soltas por aí. Então, com relação ao trabalho excelente que a
FAESP faz, não há uma legislação, e é isso que eu quero, através do Projeto,
colocar, em consonância com aqueles que possam encontrar alguma coisa para
fazer, porque, se é difícil para os normais, imaginem para aqueles que são
egressos, ou do Sistema Penitenciário, ou da FASE.
Então, o Município – é o meu entendimento, eu
espero que os meus colegas Vereadores depois estudando o Projeto possam ter a
mesma dimensão e a mesma opinião – não pode se omitir institucionalmente.
Então, que entidades municipais e empresas que façam contratos com o Município
possam absorver um, dois, tanto os da FASE quanto os egressos do Sistema
Penitenciário, dando-lhes oportunidade de reconstituir a sua cidadania. Essa é
a intenção do Projeto, que não é pessoalmente meu, ele foi feito em acordo com
diversas entidades, tanto que a presença de V. Exas. aqui não foi instada por
mim, mas foi de espontânea vontade para dar sustentabilidade à ideia, que não é
minha, o Ver. Nedel, agora na Legislatura anterior... De uma maneira que foi
considerada inconstitucional, portanto, ele mesmo acabou retirando, agora, no
início desta Legislatura, e era tímido, ele mesmo disse, agora, nós ampliamos
mais o Projeto para dar uma amplitude maior a essa ideia. De modo que eu fico
muito agradecido pela presença de Vossas Senhorias: o Conselho Penitenciário, a
FAESP, e o Dr. Humberto Ruga, que é uma personalidade que não precisa
referência. Então, muito obrigado pela presença e pelo uso da Tribuna Popular.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, além de falar pelo DEM, eu quero
falar como Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, onde o Projeto de
Lei do Ver. Nereu está chegando lá conosco, e já tem o nosso compromisso
antecipado de dar a ele um cuidado muito especial. É um trabalho que a
Secretaria dos Direitos Humanos do Município vem desenvolvendo, e nós somos
sensíveis a esse trabalho. E a presença aqui entre nós de tão gratos
convidados, o Dr. Puggina, a minha querida amiga Tânia, o meu queridíssimo
amigo Humberto Ruga, aumenta o nosso grau de interesse já motivado
suficientemente pelo problema em si, pela necessidade de se tratar os egressos
como pessoas com condições de serem plenamente ressocializadas, que é o
objetivo do Conselho Penitenciário e de todos aqueles que apostam na
possibilidade de as pessoas humanas terem o direito de tropeçarem e depois se
reerguer. E muitas vezes, para não dizer na maioria das vezes, quem sabe até na
totalidade, para se reerguer precisa de um empurrão, precisa de uma
solidariedade. As pessoas mais sensibilizadas têm melhor condição de entender
esse sucesso, e aqui, na Mesa, estão três exemplos mais edificantes dessa
situação.
Então, prazerosamente, eu quero dizer a todos que
tenho absoluta certeza de que por parte da Comissão de Constituição e Justiça,
que é o órgão técnico que diz da admissibilidade dos processos aqui na Casa,
pelo que eu já vi e pelo que já senti, não haverá nenhuma dificuldade de
tramitação, Ruga, e, muito cedo, ele terá saído para seguir a sua marcha
normal.
Para concluir Presidente, eu quero, com a vênia de
todos, dizer ao Humberto Ruga que ele vá treinando, porque, na segunda-feira,
ele tem que estar aqui conosco, novamente, na nossa Sessão Especial da
Universíade. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Obrigado, Sr. Presidente. Quero iniciar o cumprimento à Mesa,
cumprimentando o nosso amigo Humberto Ruga, que está presente em quase todos os
debates da Cidade; a Tânia Souza, que tem a grande missão de coordenar a
Fundação; e o Dr. Puggina. Eu quero aproveitar, pedindo licença a todos, porque
é a primeira oportunidade pública que nós temos de encontrar com o Dr. Puggina,
que foi designado pela OAB quando houve a ocupação da Câmara. Em nome da nossa
Bancada, a do Partido dos Trabalhadores, nós o cumprimentamos pelo trabalho que
o senhor realizou, naquele momento, junto conosco. Muito obrigado.
Gostaria de dizer que o Ver. Nereu foi muito feliz
ao propor este Projeto, porque traz para o seio desta Casa, para que possamos
discutir e construir o que é preciso fazer, ou seja, ter política pública para
poder receber essas pessoas que cumpriram suas penas e elas serem incorporadas
à sociedade pela porta da frente da sociedade, sem precisarem ser excluídos
novamente.
E nós sabemos que não é só após saírem do sistema,
mas também durante o sistema. Isso é o que os senhores estão trazendo aqui,
propondo-se, seja com relação aos presidiários, sejam com relação aos jovens
infratores.
E quero fazer um registro: também, quanto aos
jovens infratores, já é determinação, inclusive judicial, que todos os nossos
Governos têm que construir as unidades descentralizadas e dentro de uma nova
lógica de educação e ensino profissional. E nós estamos apoiando o Governo,
sim. Está destinado para fazer, lá em Belém Novo, uma unidade da FASE com esse caráter, para ficar junto das comunidades, com uma
atividade profissional e com formação para reintegrar. Tem todo o nosso apoio,
e o Ver. Nereu da mesma forma. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Professor Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do
Regimento.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Ver.
Bernardino, falo em nome da nossa Bancada, a do PMDB; falo em meu nome, em nome
da Ver.ª Lourdes Sprenger, do Ver. Cecchim e do Ver. Valter Nagelstein. Prezado
Rodrigo Puggina, Presidente do Conselho Penitenciário; e Tânia e Humberto Ruga,
Cidadãos Honorários. Quero dizer da alegria de vocês trazerem esse tema
proposto pelo Ver. Nereu D’Avila. Sra. Tânia, eu me lembro, logo que comecei
aqui na Câmara, acho que foi em 1997, da dificuldade para ser instalada a FAESP
ali na Av. Bento Gonçalves. Eu morava ali perto, naquela época, e fui um dos
que procurou convencer os moradores de que não havia perigo, porque eles
achavam que os egressos ali poderiam representar perigo.
Eu conheço um dos
trabalhos do Humberto Ruga, porque para ele o dia tem 48 horas, eu não sei como
ele consegue isso.
Eu estou, há 17 anos,
como Vereador e uma das grandes alegrias que tive foi que dei uns quatro ou
cinco títulos de cidadão só, sendo que um deles foi para quem cuidava da
Pastoral Carcerária, o Giuseppe Marramarco, que, através da sua capelinha,
levava uma palavra de afeto convencendo muitos da recuperação.
Quando tive a
oportunidade de ser Secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre, lá nós
tínhamos mais de 40 detentos. Isso não se divulga muito, mas, por exemplo, o
Cemitério São João era muito bem coordenado o trabalho; alguns parques, que não
vamos citar quais, também têm egressos que lá trabalham. Na realidade, Jesus
disse: “Quem nunca errou, que atire a primeira pedra!”. Então, a nossa função
social, realmente, é tentar ressocializá-los, até porque, quando eles ficam
presos... Nós conhecemos o sistema carcerário, ele não ajuda, infelizmente; ele
cria estigmas nas pessoas que levam verdadeiro carimbo, e a sociedade não
permite que eles voltem.
Então, quando o Ver.
Nereu propõe e traz à tona esse debate, nós só temos que agradecer, porque é um
novo refletir, porque na realidade todos nós merecemos uma nova oportunidade.
Parabéns!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra, nos termos do art. 206 do
Regimento.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr. Rodrigo Puggina, Sr. Humberto Ruga, minha querida Prof.ª Tânia de
Souza, que foi minha professora na Escola Odila Gay da Fonseca, onde eu fui
Presidente do Grêmio Estudantil, é um prazer tê-la aqui. Eu quero dizer que,
ontem, nós tivemos os 50 anos do grande discurso de alguém que lutava muito por
direitos civis, que era Martin Luther King. Usando este espaço especial, eu
gostaria de parabenizar o meu colega Nereu e, ao mesmo tempo, parabenizar a sua
filha e a sua esposa, porque este é um espaço... Esse Projeto vem para que o
cidadão se reintegre na sua família, se reintegre na sociedade, e é o que
queremos. Eu acho que a reintegração e o trabalho ocorrem para que essas
pessoas não voltem para o mundo do crime, e o investimento em educação são as
estruturas para combatermos a violência na Segurança pública. Então, eu
gostaria de parabenizá-los, agradecer, e dizer que a Bancada do PDT está junto
apoiando o meu amigo e colega Nereu.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento, pela oposição.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Muito boa tarde a todos e a todas. Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo;
Dr. Humberto Ruga; a minha saudação também à Dra. Tânia, parabenizo-os pelo
trabalho social que fazem à frente da nossa Fundação e do Conselho das Cidades.
Assim como o Dr. Rodrigo Puggina, que também teve, como o Ver. Engº Comassetto
bem destacou, um papel, que a história há de registrar na luta contra a
violência, exatamente sempre nesse intuito, porque nos momentos de crise esse
espírito tem que imperar. Eu venho aqui, Ver. Nereu, saudá-lo também pelo
Projeto. Quero dizer que já sou militante do seu Projeto. Se nós realmente
quisermos vencer a violência, como sociedade, é nos presídios, ou melhor, no
sistema prisional – até porque ele é muito maior que os presídios – onde,
efetivamente, nós temos que investir. Não adianta o Delegado Cleiton – nosso
aniversariante do dia –, a Polícia Civil, a Brigada, fazerem o seu trabalho, se
o sistema prisional não ressocializa, e hoje a
sociedade é vítima mais ainda desse preconceito. Entre outros tantos
preconceitos que a nossa sociedade ainda tem, há o preconceito com o apenado, e
nós só vamos vencer a violência se vencermos esse preconceito. Já deixo aqui –
aproveito só o espaço – a sugestão de que a gente possa abrir um diálogo sobre
as APACs. Eu estou participando da discussão, em Canoas, desse novo modelo
prisional sem grades, que tem uma taxa de ressocialização de 80% dos apenados.
Que a gente possa trazer também, para Porto Alegre, essa discussão com o
Conselho Penitenciário de Porto Alegre. Então, parabéns pelo trabalho, pela
iniciativa, e contem sempre conosco.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Aproveito que a professora Tânia ainda está aqui para registrar que o
nosso colega, Ver. Delegado Cleiton, está de aniversário. (Palmas.) Aproveito
que a sua professora está aqui para fazer esta homenagem.
A Ver.ª Fernanda
Melchionna está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Ver.
Bernardino Vendruscolo, Presidente da Câmara neste momento; quero cumprimentar
a Sra. Tânia e o Sr. Humberto; Dr. Rodrigo Puggina, em nome do PSOL,
parabenizo-o pela bela atuação aqui, no momento de ocupação da Câmara, e à
frente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, junto com seus Pares. Assim como
a FAESP, as entidades têm batalhado por uma série de lutas em defesa dos
direitos humanos. Falo em meu nome e em nome do Ver. Prof. Alex Fraga, da
Bancada do PSOL, primeiro, para também nos colocar à disposição do Ver. Nereu
D’Avila para militar pela aprovação do seu projeto. É um projeto meritório,
necessário, como parte das políticas públicas que de fato visem à
ressocialização dos egressos do sistema prisional, numa perspectiva de discutir
a situação que nós vivemos no Brasil, situação em que o Estado social está em
detrimento diante do Estado penal. Eu acho que é uma discussão importante,
porque nós vemos práticas recorrentes de criminalização da pobreza, na medida
em que pessoas que, muitas vezes, poderiam, se tivessem recursos, estar em
liberdade, estão jogadas nos nossos presídios, muitas vezes com pena vencida,
ou, pior que isso, sem nenhuma prova concreta de determinado delito, mas a cor
da pele, a origem da pessoa determinam a marca, a trajetória e, muitas vezes, a
permanência no sistema prisional. Somado às péssimas condições do sistema
prisional no nosso País, à situação do nosso Presídio Central, à vergonha do
Brasil diante das violações de direitos, das péssimas condições da população
carcerária, inclusive, nos imputou discussões internacionais sobre essas
violações de direitos. Então eu acho que a proposta do Ver. Nereu vem nesse
sentido de resgate dos direitos humanos, da ressocialização – um debate
necessário em um País que investe pouco em Educação, em Saúde, em prevenção, em
políticas públicas anteriores à vida desses meninos. Então, nós queremos
parabenizar o trabalho de todos vocês que estão à Mesa e nos colocamos à
disposição do Ver. Nereu para militar pelo seu projeto, assim como colocamos à
disposição a Comissão de Direitos Humanos, da qual sou Presidente, para
ajudá-lo nessa busca no nosso Município.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Obrigado, Vereadora. A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
A SRA. JUSSARA CONY: Boa-tarde, a todos;
boa-tarde, Presidente, quero cumprimentar, de uma forma muito especial,
carinhosa, acolhedora, pelo trabalho que realizam o Rodrigo Puggina, a Tânia, o
Humberto, porque acho que esse é um dos momentos em que a sociedade organizada,
o controle social, aqueles que estão na ponta dialogam com o Poder Legislativo,
que tem uma iniciativa importantíssima como essa do Ver. Nereu D’Avila. Eu
quero dizer, Vereador, que eu fico muito contente de, 30 anos depois, retornar
a esta Casa – já fomos colegas, 30 anos atrás –, reencontrá-lo e ter no Vereador
a mesma disposição, a mesma luta, compromisso com políticas públicas, com fim
de preconceitos e com a reinserção dos seres humanos, sob a ótica da
humanização, da responsabilidade da própria sociedade, do Estado, como ente
público, para que possamos vivenciar, de forma diferenciada, com esses seres
humanos que têm, no seu processo de vida, alguma infração. E temos que computar
como origem mesmo do próprio Estado, da própria sociedade em que vivemos, em
que o coletivo não importa, o que importa é a individualidade. Isso gera,
inclusive, principalmente na juventude, nas mulheres, demandas não necessárias,
pelo consumo, etc., e que os leva, muitas vezes, a cometerem determinadas
infrações.
Em primeiro lugar, em
relação à juventude, eu acho que não tem como fugirmos da falta das políticas
públicas. Política pública de Educação, de Saúde, política pública que tenha
uma educação voltada para os interesses da Cidade, do País, de acordo com o
projeto de desenvolvimento, para que eles possam ser inseridos no mercado de
trabalho formal, lado a lado com a continuidade da sua educação. Reinserção, eu
diria, por transversalidade de ações.
E eu queria enfocar
quanto à questão das mulheres, nós, as Vereadoras da Casa, junto com o Ver.
Cleiton, dentro da Semana do 8 de Março – o Ver. Cleiton propôs isso e a Câmara
toda participou –, fomos à Penitenciária Feminina Madre Pelletier. E quero
dizer para vocês da emoção que nós sentimos e que as mulheres que lá estavam
também sentiram, mulheres que estão tendo, inclusive, formação e capacitação.
Nós temos que fazer esse elo da formação e capacitação que já está havendo lá
para a inserção no mercado de trabalho formal. Há muitas chefes de família. A
mesma proporção que nós temos na rua, nós temos dentro do presídio: chefes de
família. Eu acho que esse projeto vai no dar oportunidade, também, de olhar
essa questão de gênero. Nós fizemos isso – e eu quero dar esse testemunho para
vocês –, nós fomos inclusive com o grupo de poesia Viva Palavra, da qual
pertenço – e fizemos diálogo com elas através da poesia, e elas começaram a
materializar também para nós, a verbalizar que elas também têm em si poesia e
que elas estão lá dentro, mas nós precisamos abrir essas portas através,
inclusive, do lúdico.
Então, esse trabalho
que vocês fazem, mais esse projeto do Ver. Nereu D’Avila, com certeza, nessa
integração, esta Câmara pode cumprir um papel fundamental para as políticas
públicas, para a reinserção, para a humanização, para um acolhimento. E mais do
que isso, para que nós possamos olhar de uma forma diferenciada se nós queremos
transformar a sociedade para todos. Todos somos iguais, ninguém nasce doente,
ninguém propenso ao crime. O meio tem o seu papel. E eu acho que é por aí,
reinserir no meio tem que ser dessa maneira. Nos somos iguais, nós estamos em
espaços diferenciados, mas isso não significa que tem alguém inferior. Eu uso
muito isso sob o ponto de vista da mulher, e gostaria deixar esse testemunho
aqui para vocês, por esse momento ser tão precioso, do apoio de vocês a um projeto
de lei desse tipo, porque vocês são o controle social.
A SRA. TÂNIA SPORLEDER DE SOUZA: A FAESP atende
a ambos os gêneros.
A SRA. JUSSARA CONY: Sim, sim. Mas eu
quis trazer a questão da mulher porque ela tem uma certa diferença, até porque
a maioria é chefe de família, com as crianças lá dentro, inclusive.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A pedido da Sra. Tânia, do Sr. Humberto, do Dr. Puggina, nós queremos
agradecer todos os Vereadores pela acolhida. Em nome da direção da Casa, podem
contar com o nosso apoio. Muito obrigado.
Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os
trabalhos às 14h53min.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo – às 14h54min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos ao período
temático de
Hoje,
este período é destinado a tratar do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.
Convidamos
para compor a Mesa: a Sra. Ana Naiara Malavolta, representante da Liga Nacional
da Visibilidade Lésbica; a Sra. Waleska Vasconcellos, Secretária Municipal
Adjunta dos Direitos da Mulher; a Sra. Priscila Leote, representante da
Secretaria Estadual de Políticas para a Mulher; e a Sra. Maria Odete Bento,
representante da Secretaria Adjunta da Livre Orientação Sexual.
A
Sra. Ana Naiara Malavolta está com a palavra.
A SRA. ANA
NAIARA MALAVOLTA: Quero saudar o Sr. Presidente, a Mesa, as
companheiras da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado, do
Município e da Coordenação de Diversidade Sexual do Estado; agradeço a presença
de alguns companheiros que vemos nas galerias, a Roselaine Dias, que é
representante nacional do Conselho LGBT; o Célio Golin, do grupo Nuances – o
grupo mais antigo de diversidade sexual do Estado do Rio Grande do Sul; a Carla
Baptista, coordenadora da Diversidade Sexual do GHC; a companheira Vera Deise,
do Sindicato dos Jornalistas, obrigada pela presença de vocês aqui. Quero
saudar os Vereadores e as Vereadoras presentes e agradecer especialmente à
Ver.ª Séfora Mota, por pedir este espaço de tempo para nós aqui, hoje.
Infelizmente, envolvemos-nos, em plena Semana da
Visibilidade Lésbica, numa polêmica que nós entendemos que não precisaria ter
acontecido dentro desta Casa, em função de divergências sobre a colocação da
pauta da lesbofobia num seminário da Frente Parlamentar que trata da
erradicação de todas as formas de violência contra as mulheres.
Hoje é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, um
dia importante para nós. A Liga Brasileira de Lésbicas, por mais de dez anos,
tem vindo até a Câmara de Vereadores fazer essa disputa de espaço no sentido de
que possamos colocar as pautas das mulheres bissexuais e das mulheres lésbicas
sob a luz da proteção das leis no Município de Porto Alegre. Infelizmente,
nesses últimos dez anos, muito pouco avançou e hoje a gente percebe, não só no
Estado do Rio Grande do Sul, não só no Município de Porto Alegre, mas em todos
os espaços do Brasil, um avanço fundamentalista que tenta dizer que essa pauta
não é própria para determinados espaços. Nós queríamos, aqui, reafirmar para as
pessoas presentes e para a comunidade do Rio Grande do Sul que acompanha a
transmissão desta Sessão, que nós entendemos que a diversidade sexual é parte
do contexto da vivência humana, faz parte dos direitos humanos, e, portanto, o
debate que nós travamos desta tribuna em função da situação que ocorreu esta
semana, nesta Casa, não é um debate religioso, como muitas pessoas tentam fazer
crer. Estamos no século XXI, ultrapassamos a Idade Média, não estamos aqui
discutindo religião. Na visão da Liga Brasileira de Lésbicas cada pessoa tem o
direito de vivenciar as suas crenças ou de não ter crença nenhuma, e, em nome
disso, ser respeitada de forma livre. No entanto, as pautas que são caras para
as mulheres, para as negras, para as lésbicas, precisam ser tratadas dentro do
espaço legislativo. Não dá mais para empurrar para baixo do tapete pautas
significativas como esta, como se não dissessem respeito a uma parcela
significativa da população. Nós precisamos encarar os problemas que fazem com
que todos os anos centenas de milhares de mulheres no mundo inteiro e centenas
de mulheres no Brasil sejam agredidas em espaço doméstico, em que a questão do
estupro corretivo, que tem sido tratado na cidade de Porto Alegre, seja
colocado para o lado e nós não tenhamos estatísticas para nos dizerem quantas
das vítimas de violência doméstica sofrem também violência por conta da sua
orientação sexual.
Não dá mais, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores,
para fazermos de conta que esta não é uma pauta desta Casa Legislativa. Nós
esperamos que a situação de lesbofobia, expressa na Comissão que deveria tratar
da erradicação da violência contra as mulheres, não seja o reflexo do que
acontece no Legislativo de Porto Alegre, mas que seja uma situação isolada, uma
confusão de uma determinada Vereadora, mas que não seja a posição das Bancadas
e não seja a posição da Câmara Legislativa. Porto Alegre não é espaço para que
a gente discuta como se discutiu no Congresso Nacional. Nós não deixaremos que
as Comissões, que nos são caras, sejam tomadas de assalto como aconteceu no
Congresso Nacional. Aqui, espaço do Fórum Social Mundial, espaço de democracia
reconhecido no mundo inteiro, não é espaço para fundamentalismos religiosos.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Antes de passar a palavra para a Sra. Maria Odete
Bento, gostaria de dizer-lhe, D. Ana Naiara Malavolta, tenha a certeza e tenha
a segurança de que esta Casa tem discernimento e vai procurar respeitar todos
os segmentos. Fique bem tranquila que nós faremos, com muita responsabilidade,
essas defesas – este comportamento é próprio da Casa. Muito obrigado.
A Sra. Maria Odete Bento está com a palavra.
A SRA. MARIA
ODETE BENTO: Boa-tarde a todos. Em nome da Secretaria Adjunta da Livre Orientação
Sexual do Município de Porto Alegre – SALOS, estou aqui para nos agregarmos e sermos parceiros da Liga em relação a esse fato que
aconteceu, que é isolado. E parabenizo todas nós pela data de hoje, 29, Dia da
Visibilidade Lésbica. Estamos à disposição, meninas, para ajudar no que for
possível e impossível. Estamos lá para sermos parceiros de todas e todos. Muito
obrigada; eu não estava preparada para falar agora, agradeço a todos pela
compreensão. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Obrigado, Maria Odete. A Sra. Priscila Leote, representante da
Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, está com a palavra.
A SRA. PRISCILA LEOTE: Quero desejar uma boa
tarde a todas e todos. Represento a Secretaria de Políticas para as Mulheres do
Estado do Rio Grande do Sul, onde a gente se põe contra qualquer tipo de
violência contra a mulher em sua diversidade. A Secretaria já tem uma
assessoria LBT, voltada para as mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais
neste Estado. Esse fato isolado dessa Vereadora nos deixa muito chateados; nós,
da Secretaria, que batalhamos tanto contra a violência contra a mulher. E daí a
gente se depara com esse acontecimento, que quer, de novo, botar as mulheres
lésbicas invisíveis na sociedade. Isso é um absurdo!
A Secretaria de
Política para as Mulheres faz um trabalho hoje, através do 0800, Escuta Lilás,
um atendimento contra a lesbofobia, com atendimento psicológico, com assistente
social e advogados. Isso não pode mais acontecer! A violência contra a mulher
não se dá só no âmbito da violência doméstica, mas também com a violência
psicológica. Estupro corretivo: a gente tem um dado enorme da Secretaria
Nacional de Política para as Mulheres, que 6% dos estupros ocorridos no Estado
do Rio Grande do Sul são estupros corretivos contra as lésbicas.
Nós temos, sim, que
criar políticas públicas voltadas para a invulnerabilidade dessa mulher, e não
fingir que não existe. A violência contra a mulher existe em todos os âmbitos!
Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Sra. Waleska Vasconcellos, Secretária Municipal Adjunta dos Direitos
da Mulher, está com a palavra.
A SRA. WALESKA VASCONCELLOS: Boa-tarde a
todas e a todos; quero saudar o Presidente, as minhas colegas de Mesa, Maria
Odete, Priscila, Naiara; saudar todas as
companheiras que aqui se encontram. Na verdade, acho que a gente tem que fazer
um resgate histórico cada vez que a gente fala sobre as questões das mulheres.
Se as mulheres, ditas normais – isso vai para quem acha que existe alguma
anormalidade em termos uma sexualidade diferente – eram invisíveis, imaginem as
mulheres com uma outra orientação sexual. Não é por nada, mas o Dia da
Visibilidade Lésbica foi criada no Brasil, em 1999, justamente dentro de um
seminário proposto pelas mulheres lésbicas do Brasil. E, a partir desse dia, a
ONU Mulher decidiu que teríamos uma data para comemorar ou – pelo menos,
comemorava, porque não se podem comemorar coisas em relação às mulheres, porque
a situação é bastante complicada – celebrar e para ser um dia de luta. Eu estou
à frente da Secretaria Adjunta da Mulher, que tem uma especificidade, porque,
além dela, nós temos mais quatro Adjuntos, que é um movimento social dentro da
Prefeitura de Porto Alegre. Venho aqui, companheiras, não somente para colocar
a minha opinião, mas a opinião também do Município de Porto Alegre que hoje tem
políticas públicas, sim, para a área de gênero; tem políticas, sim, para todas
as mulheres, independente da raça, etnia, orientação sexual, como diz a
Constituição. Então, Porto Alegre está comprometida, sim, com uma política para
as mulheres, onde um dos nossos motes é o enfrentamento da violência contra as
mulheres e contra todas as mulheres. Nós não fazemos distinção, nós não
trabalhamos para A ou B, trabalhamos para todo o alfabeto. Então, se hoje Porto
Alegre é uma cidade comprometida com o movimento social de mulheres, ela está
comprometida, sim, com todas as mulheres. Quando a companheira Priscila,
representando aqui a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado, falou
sobre a questão do estupro corretivo, isso é uma verdade. Aliás, eu te diria,
Priscila, que hoje é mais de 6%; na verdade, a gente não tem um controle sobre
isso. O Município de Porto Alegre tem a Secretaria Adjunta da Mulher e,
vinculada a ela, um Centro de Referência ao atendimento à mulher vitima de
violência. E aqui na Câmara, nós temos grandes parceiros, como o Ver. Professor
Garcia, que criou, através de uma lei, o Disque Violência, que será implantado
logo em seguida. Prometo para o senhor, mas a gente também tem uma demanda
grande, Vereador. Nesse aspecto do estupro corretivo, nós, lá do Município,
temos apenas uma denúncia, claramente. O que se necessita é que as mulheres
denunciem, sim, que todas as mulheres denunciem as violências. Especificamente,
para o dia de hoje, que as mulheres lésbicas denunciem o estupro corretivo,
sim. Quero também dizer que nós, da Secretaria Adjunta da Mulher, estamos
fazendo um trabalho voltado e, em conjunto com o Conselho Municipal dos Direitos
da Mulher – a Silvana Conti, Presidenta, está ali –, com o Fórum Municipal da
Mulher e toda a sociedade civil que quer trabalhar em conjunto.
Mais uma vez, este é um dia de lutas, estaremos sempre,
em nossa Secretaria, Porto Alegre está comprometida, sim; a posição de Porto
Alegre é uma posição de comprometimento, estaremos sempre junto com vocês. Uma
boa tarde.
(Não revisado pela oradora.)
(Manifestações nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Obrigado.
Apregoo Termo de Posse do Ver. Dr. Cristaldo, nos
termos regimentais, que assume, no dia de hoje, em substituição ao Ver. Dr.
Thiago, Presidente da Casa, que está exercendo o cargo de Prefeito nesta data.
O Ver. Dr. Cristaldo integrará a Comissão de Constituição e Justiça.
A Ver.ª Séfora Mota está com a palavra no período
temático de Comunicações.
A
SRA. SÉFORA MOTA: Boa-tarde a todas e a todos, quero cumprimentar as
meninas da Mesa, a Naiara Malavolta, a Waleska, que é minha amiga pessoal; a
Priscila e a Maria Odete Bento. Estou muito feliz por ter sido a proponente
deste período de Comunicações porque é importante. Nós não criamos, não foi
instituído o Dia da Visibilidade Lésbica sem um bom motivo. O motivo é que,
hoje em dia, se fala muito em igualdade, mas se vê que a gente tem um
preconceito muito velado. O Brasil é lindo, eu adoro ser brasileira, eu sou uma
mistura de negra com índio, e a gente tem essa liberdade de poder escolher ser
o que é, mas a gente vê ainda que sofre muito com violência. Eu sofro ainda com
preconceito enquanto mulher que resolveu ser aquilo que sou, porque eu sou uma
mulher que adora ser diferente, eu não quero ser igual a ninguém. E eu acho
lindas as pessoas diferentes. Aqui na Casa, eu sou a Presidenta da Frente
Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência porque é isso:
eu quero respeito aos diferentes e às diferenças. Ninguém precisa concordar com
nada, eu não preciso gostar de nada. Eu educo meus filhos de uma tal maneira que
eu digo para eles que eles não obrigados a gostar nem de mim! Porque você não é
obrigado, mas você é obrigado a respeitar.
Eu quero que vocês saibam que,
aqui nesta Casa, sempre terão o meu apoio porque eu luto pelas diferenças, pelo
respeito e pela igualdade de direitos e oportunidades, defendendo sempre as
diferenças de cada um, porque eu acho que a gente é o que é. Nesta Casa, nesta
Legislatura, a gente vê pessoas muito diferentes. Eu sempre digo que sou a
“diferentona”: estou aprendendo na política, estou caminhando, mas a gente vê
aqui Vereadores e pessoas das mais fartas características, e isso é muito
importante. Quando a gente fala em lésbica... e eu, quando eu fiquei sabendo da
coisa mais coisa horrorosa deste ano que é o tal do estupro corretivo, então,
aí já passou o limite de tudo, porque não se corrige; orientação sexual é uma
condição da pessoa, é uma condição humana. Isso a gente tem que respeitar. Eu
não escolho, a gente já nasce condicionada a isso, então, eu tenho mais é que
respeitar.
Eu convivo a minha vida inteira
com homossexuais, eu sou de uma família metade negra, metade branca, eu não
tenho problema nenhum com lésbicas, não tenho problema nenhum. E esta Casa
também não terá problema nenhum em tratar de assuntos tão importantes, porque
nós vemos bullying nos colégios, nós
vemos uma violência acirrada, a intolerância crescendo dia a dia, e aqui é o
local para o debate, sim, independente de questões religiosas, independente de
qualquer assunto. O que a gente tem que promover nesta Casa são debates
francos, buscar políticas e buscar enfrentar esses problemas que a gente vê na
nossa sociedade.
Esta Casa vai estar sempre aberta, nós sempre
parceiros de vocês, daqui para frente vai ser uma parceria muito bacana porque
a gente vai movimentar... Eu só não vou cantar o hino porque não vai ficar bem.
Aí eles vão ficar doidos comigo! Mas é isso, esta Casa é o local para o
debate... (Pausa.) Oh, Janta, estás me tirando a atenção! Hoje eles estão
olhando para mim, que milagre é esse?! Eles nunca olham para a gente quando a
gente está falando! Mas é isso: contem conosco, nesta Casa a gente não tem
preconceito. Tem um gordinho – agora, o meu marido vai ficar louco! –, e eu
adoro um gordinho! O senhor é o meu preferido, o meu fofinho! Tem a mais arrumadinha,
tem a menos arrumadinha, nós somos assim. Nós somos livres e, dentro das nossas
diferenças, buscamos respeitar e fazer um futuro melhor com políticas de
verdade para pessoas de verdade, para a gente combater toda e qualquer forma de
preconceito e violência que a gente vê tão inserida na nossa sociedade. A gente
vê crianças muito novas, às vezes, proferindo palavras tão pesadas, tão
grosseiras. Nós temos uma responsabilidade muito grande. E eu sempre falo como
mãe porque, depois que eu tive os meus filhos, a minha cabeça abriu um pouco
mais porque a gente ama, então, a gente não quer ver sofrer. O que eu não quero
para os meus, eu não quero para os outros. É isso que a gente tem que aplicar:
se a gente não gosta de ser desrespeitado, a gente tem que aprender a respeitar
o nosso próximo também. Muito obrigada e parabéns por esse dia de vocês! E a
festa está só começando, a gente tem, até o final do dia aí com muitos eventos
para participar! Obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): Obrigado, Ver.ª Séfora Mota. Só para comunicar os
Vereadores que, logo a seguir, vamos ter uma outra entidade que será
homenageada – são os representantes do mercado imobiliário. Já estão aqui
presentes o Sr. Jandir Carrasco, o Sílvio Feijó e o Moacyr Schukster.
Pedimos a compreensão de todos, já que, logo a seguir, nós faremos a homenagem
aos profissionais do mercado imobiliário.
O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Muito boa-tarde a todas e a todos; quero saudar aqui, em nome da Ana
Naiara Malavolta, que representa a Liga Brasileira de Lésbicas, a todas as
entidades, a todas as representantes da Mesa; o nosso Governo Estadual, o
Governo Municipal, todos os movimentos; também tomo a liberdade de citar aqui o
Célio Golin, do Nuances, que sempre é uma liderança desta Cidade, uma
referência para todos nós; a Silvana Conti e todas as outras militantes que
estão aqui. Eu queria contar uma história que me ocorreu ontem e que eu achei
que é bem representativa do tema de que nós estamos hoje tratando: o Dia
Nacional da Visibilidade Lésbica.
Ontem, eu fui cobrado, no Facebook, por um apoiador meu, que me apoiou na
eleição, um policial: por que eu tratava de outros temas que não eram
relacionados à Segurança pública. Ele me questionou, por exemplo, sobre aquela
proposta que fizemos aqui sobre a cura gay, uma Moção de Repúdio à cura gay:
“Mas, Vereador, eu votei em ti para tratar de Segurança pública, não desses
outros assuntos”. Eu achei isso tão representativo, não estou falando,
obviamente, contra o meu amigo, o meu apoiador, mas o senso comum do nosso País
não se dá conta de que é exatamente por vivermos num país preconceituoso –
preconceito de classe, preconceito racial, preconceito de gênero, preconceito
de orientação sexual –, essa é a raiz de nós vivermos hoje no País com o maior
número de homicídios do mundo. É essa incapacidade de convivermos com as
diferenças e de querermos fruir de uma sociedade entre iguais que nos faz ser
um país, hoje, tão violento. Essa violência se manifesta das mais diversas
formas. É por isso que as militantes desse tipo de pauta, certas vezes, algumas
pessoas dizem sobre elas: “Mas bah, como elas incomodam, como elas são
persistentes! O que aconteceu foram só enganos, só equívocos, só esquecimentos,
um jeito errado de tratar.” Mas é nesses pequenos equívocos que reside, sim, a
grande violência da nossa sociedade preconceituosa, que não aceita as
diferenças.
Essas mulheres que estão aqui hoje, elas sofrem de
uma dupla violência, de um duplo preconceito: o preconceito de uma sociedade
machista e o preconceito de uma sociedade homofóbica, que ainda vive, sim,
baseada em padrões morais, religiosos, como a nossa Casa aqui. Os símbolos
religiosos nem a todos contempla, mas nós ainda temos que viver numa sociedade
com padrões que foram legados para nós exatamente dessa sociedade branca,
europeia, masculina, que não aceita lidar com os diferentes, que não aceita ter
uma mulher na presidência, que não aceita que venham médicas com cara de
empregada. É contra essa sociedade preconceituosa que nós estamos aqui para
lutar.
Hoje é um dia especial: faz 50 anos do discurso de
Luther King, que não é um discurso qualquer, é o discurso mais importante –
Delegado Cleiton, que também homenageio aqui, e todos os lutadores negros – do
século XX: “Eu tenho um sonho”. Com esse discurso, Luther King deixou aquela
elite branca, americana – e não só a dos Estados Unidos, mas as de todos os
países do mundo – com vergonha, colocando essa elite no lugar onde todas as
pessoas que, por causa do preconceito, cometem os mais bárbaros atos de
violência. Dá para imaginar que, há apenas 40, 50 anos, a Ku Klux Klan queimava
casas de negros nos Estados Unidos, bairros inteiros no Mississipi? É possível
que a polícia e todo o mundo ainda hoje, não no passado, não saibam lidar com
as diferenças? E justamente o aparelho do Estado, que tem que lidar para
reduzir a violência, ainda não saiba lidar com uma sociedade de diferentes? São
temas muito importantes que nós temos que tratar. Eu assisti, recentemente, a
uma palestra no Fronteiras do Pensamento de um filósofo africano chamado Kwame
Anthony Appiah, em que ele dizia: “Botem a mão na consciência e imaginem como
os nossos tataranetos, daqui a 100 anos, olharão para a nossa sociedade e a
acharão intolerante e preconceituosa, como nós achamos a sociedade de cem anos
atrás”. Vamos refletir, sim, e descobrir onde estão os nossos preconceitos e
como eles se manifestam.
Este é um tema fundamental, e eu parabenizo todas
as militantes que lutam por uma sociedade sem discriminação pela orientação
sexual das pessoas. Será que é muito? Será que é tão difícil conviver com as
diferenças? Por que tanto mal causa a diferença? Por que ainda é considerada um
pecado a orientação sexual das pessoas? São temas que temos que enfrentar, sim.
Nós temos que nos olhar no espelho, isso tem a ver com Porto Alegre, porque é
assim que nós decidimos em que sociedade nós queremos viver. Nós temos recebido
relatos, quase semanais, de homossexuais que têm sido agredidos na Cidade Baixa
por grupos neonazistas. É essa a Cidade em que a gente quer viver? Uma
sociedade de intolerantes, onde os “deuses” são utilizados para a intolerância
ou para manifestar a beleza da vida e das pessoas poderem conviver?
Então, eu saúdo a todas vocês pela luta, e que ela
prossiga, independente de qualquer barreira, porque vocês já são acostumadas a
vencer as mais difíceis barreiras da invisibilidade, do preconceito. Tenho
certeza que muitas, desde a família, desde a juventude, tiveram de vencer essas
barreiras. Sigam firme na luta por uma sociedade mais livre e sem preconceitos.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Apregoo o
Memorando nº 054/13, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que solicita
representar esta Casa no dia 29 de agosto de 2013, a partir das 11h, no Parque de Exposições
Assis Brasil, em Esteio,
para a abertura oficial do Pavilhão da Agricultura Familiar na
Expointer.
Apregoo Requerimento de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que solicita custeio de
viagem em representação desta Casa no período de 29 a 30 de agosto, na cidade de Santo
André, São Paulo. O assunto
a ser tratado é a Comissão Parlamentar para apoiar as obras de acesso
aos locais onde se desenvolverão os jogos da Copa do Mundo em 2014.
A Ver.ª Jussara Cony está com
a palavra no período temático de Comunicações.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr. Presidente, Ver. Bernardino; Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras; quero começar cumprimentando a Naiara, a
Waleska, a Maria Odete e a Priscila que representam aqui um conteúdo que deve
ser muito caro e muito respeitado por uma Casa Legislativa. Quero cumprimentar,
se me permitem, o Nuances também. São 23 anos de uma luta incessante contra
todas as formas de preconceito e de opressão e, para mim, é muito bom ver o
Nuances junto com a Liga Brasileira.
Queria iniciar dizendo que hoje é
mais um dia de luta das mulheres, dos democratas, dos que querem uma nova
sociedade; mais um dia de visibilidade às mulheres, mulheres que lutam por
igualdade, por igualdade de direitos, de oportunidades, de políticas públicas
de Estado. Quero aqui ressaltar o papel que tem tido a Walesca nessas
articulações aqui na Câmara Municipal, nesse processo. Temos, nós mulheres, assim
como os homens, por um direito humano e natural, as nossas orientações sexuais.
Somos homo, hetero ou bissexuais, estamos em todos os lugares, estamos em todos
os lugares e temos contribuído para os avanços do nosso País, para que a gente
cada vez tenha mais e mais democracia, mais e mais política de Estado.
Hoje, 29 de agosto, é o Dia Nacional de
Visibilidade Lésbica, e esta Casa, democraticamente as recebe. Com a sempre
contribuição da Liga Brasileira de Lésbicas, temos participado de várias
conferências nacionais ao longo do processo histórico do nosso País. Temos aqui
presente duas mulheres, pelas quais tenho um grande reconhecimento: a Silvana
Conti, que hoje está no nosso gabinete, dando uma assessoria altamente
qualificada; e a Carla, que foi minha Diretora quando eu fui Diretora
Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, Diretora Administrativa do
Hospital Criança Conceição, que deu uma valiosa contribuição na gestão que nós
implementamos no Grupo Hospitalar Conceição, que atende desde a atenção
primária até a alta complexidade. Então eu queria, em nome dessas duas
companheiras de luta, de trabalho, de transformações, fazer uma homenagem a
todos que têm essa compreensão de que nós estamos em todos os lugares, de que
nós estamos contribuindo, homens e mulheres, independente da sua orientação –
ou até dependente, porque, às vezes, dependendo da orientação, tu tens mais
avanços; e eu acho que, quanto mais opressão, parece que a gente mais se propõe
a lutar e mais se une para lutar.
Este é um dia importante: Dia Nacional da
Visibilidade Lésbica. Esta Casa, democraticamente, as recebe por essas
contribuições. E visibilidade significa, sim, superar cercas, superar amarras
de opressão, superar machismo, superar homofobia, superar lesbofobia.
Eu quero dizer que este Estado Nacional – está lá
na Constituição, e eu tenho muito orgulho de dizer sempre isso, porque, em
1947, nós não tínhamos um Estado laico, e a Bancada do PCdoB botou a emenda e
referendou na Constituição de 1988 – é laico e, portanto, nós temos que
respeitar uns aos outros. Estamos falando aqui de outra coisa. Nós estamos
falando aqui, como nos deixou Cazuza – que representou, no nosso País, um
momento de uma juventude que lutou muito e que queria mais –, que toda forma de
amor vale a pena. É simples, e é na simplicidade que estão as coisas mais
nobres. É o direito de homens e mulheres viverem as suas diferenças, a sua
sexualidade, de acordo com a sua orientação. Tem uma palavra que talvez junte
tudo isso: amor. E, no amor, há respeito, há dignidade, há compartilhamento.
Eu sou Relatora da Frente Parlamentar pelo fim da
violência contra a mulher e sou propositora – na realidade, não sou
propositora, eu desarquivei para reativar – da Frente Parlamentar pela livre
expressão sexual, que foi trazida a esta Casa em 2003, e quero resgatar aqui os
Vereadores Renato Guimarães, Margarete Moraes, Maria Celeste e Professor
Garcia, que ainda está aqui conosco, parceiro para essas lutas. Estamos
reativando essa Frente. Creio que possamos trabalhar no conjunto; creio que
temos que trabalhar também numa coisa que aconteceu agora nesta Legislatura,
quando temos o maior número de mulheres nesta Casa, e os homens desta Casa têm
tido um comportamento avançado, temos discutido questões e temos contado muito
eles. E quero homenagear a todos através da sua figura, Ver. Bernardino, porque
nós estamos aqui para dizer que somos diferentes, sim, as mulheres são
diferentes dos homens, biologicamente, até para continuidade da espécie.
Aqueles que têm sua orientação sexual são diferentes, mas ser diferente não
pode significar ser considerado inferior. Não podemos deixar que uma sociedade
que não nos lega ainda políticas públicas para igualdade de direitos, possa
entender e pegar nossas diferenças naturais e transformar em desigualdades
políticas, econômicas, sociais, humanas.
Então, este dia nos traz a possibilidade de um
discurso sério, aprofundado, de reconhecimento das lideranças, dos movimentos,
e como disse o Ver. Bernardino: nós estamos aqui, sim, para absorver todas essas
demandas, para dialogar democraticamente, para cumprir o nosso papel, inclusive
porque não somos apenas uma Câmara de fiscalizar ou de fazer um ou outro
projeto, nós somos também responsáveis por garantir que as demandas que chegam
nesta Casa se transformem em políticas públicas de Estado – União, Estado e
Município. Há muita luta por aí; há muita luta ainda. Já se conquistou muito,
mas ainda há muito a conquistar. Eu acho que é isso, é na luta, na conquista
que vamos superando as mais variadas formas de opressão, e passaremos a um
patamar superior. Eu luto, luto, e tenho cada vez mais a honra de dizer: eu
quero uma nova sociedade, socialista, feminista e igualitária. Pena que eu não
trouxe o meu poema que termina com isso, mas outra hora a gente... (Palmas) As
meninas gostaram: socialista, feminista e igualitária. Igualitário é no mínimo
podermos viver as nossas diferenças na igualdade e viver o amor, porque onde
não há amor não há respeito. Eu vou pegar de vocês e vou ler aqui, porque eu
achei que melhor era impossível. É Cora Coralina: “Sobrevivi, me recompondo aos
bocados, à dura compreensão dos
rígidos preconceitos do passado. Preconceitos de
classe. Preconceitos de
cor e
de família.
Preconceitos econômicos. Férreos preconceitos sociais.” Essas mulheres e homens que estão aqui sabem do significado
do Cora Coralina nos deixou como legado. Férreos preconceitos sociais – sabemos
que preconceitos são esses.
Finalizo cumprimentando a minha colega Séfora Mota,
propositora deste momento, e tem se revelado uma mulher à altura do momento que
vive esta Nação, e, nesta Câmara, tem tido, junto com todas as outras colegas e
com os homens desta Casa, uma compreensão avançada e tem sido uma companheira
de todos os momentos, porque – acho que como todos nós, às vezes as pessoas
fazem de formas diferentes – tem como foco esta nossa Cidade, o povo de Porto
Alegre e os direitos humanos e naturais. Jamais poderemos abrir mão desses
direitos.
Muito obrigada, e eu saio emocionada desta tribuna,
porque é tempo, é muito tempo, mas o tempo é o senhor da razão e um dia nós
chegaremos àquela sociedade. E as gurias ali do PT se entusiasmaram comigo
aqui. Socialista, feminista, igualitária: viva a luta de todas as mulheres!
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Isso que ela está com um probleminha de saúde.
Imaginem se ela estivesse bem. (Pausa.) É no joelho, é verdade! Parabéns, Ver.ª
Jussara Cony!
O Ver. Professor Garcia está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ver.ª Jussara Cony, de forma
veemente, como é sua prática, já fez a saudação ao Grupo Nuances. Eu quero
saudar a Vera Dayse, uma mulher guerreira, muitos anos militante, também irmã
do saudoso Roxo – a gente sempre tem que lembrar de todos os movimentos.
Parabéns, Deise! Eu quero, sensibilizado, dizer da alegria em ver a Maria Odete
aqui na Mesa, ela, que durante dez anos trabalhou comigo e hoje vem representando
o Albano Assis, que é o Secretário Adjunto que trabalhou comigo durante 12 anos
no gabinete. Aprendi muito com os dois sobre a luta e a sua evolução, porque a
cada dia tem que se mostrar algo novo. Já foi falado aqui, mas pode se dizer
que é mesmo uma tentativa de um extermínio surdo que acontece diariamente em
todos os cantos do mundo.
Que pecado tem alguém em ser diferente? Triste
seria o mundo se todos fossem iguais. Acho que a capacidade de sermos
diferentes nos permite isso e, ao mesmo tempo, termos essa livre orientação
para dizermos por que somos e por que queremos ser diferentes.
Hoje alguém falou sobre a questão do estupro
corretivo; mas isso se dá de várias formas, não só pela simples questão física,
mas também por agressões verbais, pela hostilidade, pelo descaso e, muitas
vezes, ignorando a presença. Isso também é uma forma de estupro.
A Secretária Waleska falou do nosso Projeto e fico
contente, pois disse que vai sair o Disque-Violência, porque a maioria da
violência ainda é dentro do lar. As mulheres são vitimizadas, a grande maioria,
dentro do lar. Muitas vezes, pelo medo de perder o companheiro, elas não querem
fazer esse enfrentamento, mas muitas vezes as suas filhas também são
vitimizadas. Então, essas ações permitem que alguém que convive próximo possa
tomar uma atitude.
Cada vez mais, nós temos que evoluir quanto a essa
questão de gênero, porque, em essência, o que o ser humano busca é a sua
felicidade. Ou nós estamos neste mundo para sermos felizes, ou não tem sentido.
Sabemos que é uma luta diária, árdua.
Então, só quero dizer aqui que tenho que
parabenizar a Ver.ª Séfora por esta iniciativa – hoje é o Dia da Visibilidade
Lésbica – de trazer essa temática aqui para a Casa. Olhem só a riqueza deste
Parlamento: há poucos minutos estávamos discutindo sobre a questão carcerária,
a tentativa de inclusão de presos, que também são diferentes. Eu volto a dizer
o seguinte: ou nós buscamos a nossa felicidade, ou não tem sentido aquilo que a
gente vive. Parabéns àqueles que, com maturidade, assumem a sua plenitude e
ousam dizer que “saíram do armário”. Parabéns a todos, e continuem com a sua
luta. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra no
período temático de Comunicações.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Queria cumprimentar as meninas e parabenizá-las pela Semana. Vocês
fizeram uma semana de atividades, infelizmente no domingo choveu pra caramba,
porque, mais uma vez, a Redenção veria outra marcha contra a opressão pelo
direito de a mulher decidir sobre o seu corpo e a sua sexualidade, mas,
infelizmente, a chuva nisso nos atrapalhou. Eu lamento, mais uma vez, que
nesses debates tão importantes nós, corriqueiramente, Ver. Prof. Alex Fraga,
companheiro do PSOL que está aqui nesta semana atuando na Câmara, estamos com o
plenário vazio. Quando os debates tratam de política de gênero, mulheres –
neste caso, duplo preconceito, o machismo e a homofobia –, infelizmente nós
ficamos com poucos, mas valorozíssimos companheiros e companheiras, ouvindo e
debatendo o tema. Discursos inspirados como o da Ver.ª Jussara, proposto pela
Ver.ª Séfora Mota, que fez esse encaminhamento na Câmara e permitiu que nós
pudéssemos discutir na tarde de hoje.
Eu queria falar sobre três temas que me parecem
importantes neste Dia Nacional de Visibilidade Lésbica. O primeiro é a
capacidade do movimento de organização e de mobilização. Eu comecei a militar
com 14 anos, em 1998, e a força que a luta contra a homofobia tem ganhado na
sociedade é impressionante; força de direitos civis, do mínimo de uma sociedade
civilizada em respeitar o outro e o apoio social que tem ganhado, seja nas paradas,
seja na Marcha das Vadias, seja nas mobilizações que fizeram com que o Supremo,
por exemplo, reconhecesse o casamento civil igualitário e fizesse aquilo que o
Congresso não faz, porque ainda é a representação do atraso, do conservadorismo
e ainda vive um momento em que uma Bancada conservadora tenta impor uma opinião
religiosa sobre as políticas de Estado.
Esse é o segundo tema que eu queria tratar, porque
eu acho que isso é muito importante para fazermos nesta Câmara, em todos os
Parlamentos e na sociedade, porque ao mesmo tempo em que a luta por mais
democracia, a luta por mais direitos, a luta das mulheres, a luta do LGBTS, a
luta contra o racismo, a luta contra o machismo vai ganhando corpo, ao mesmo
tempo a reação conservadora se organiza. Organiza-se e tenta fazer uma série de
retrocessos, como foi com a patética, reacionária, conservadora Cura Gay, que
foi derrotada no levante de junho com as mobilizações que fizeram com que o
Projeto fosse arquivado.
Mas outros tantos projetos tramitam, como o Estatuto
do Nascituro. Assim como o Marcos Feliciano segue à frente da Comissão de
Direitos Humanos, apesar das dezenas de mobilizações que nós fizemos no Parque
da Redenção, no Centro, no Facebook, e que nós temos que seguir fazendo. E
outros projetos fundamentais, como o kit anti-homofobia, foram vetados e não
foram distribuídos, e não é uma demarcação política. É porque na escola, vocês
sabem, na família e depois na escola é um espaço de agressões verbais, de bullying, como se chama atualmente. E
essa formação dentro da escola é fundamental para acabar com o preconceito, a
opressão e a intolerância dentro da sala de aula. Isso aconteceu, foi vetado o
kit anti-homofobia, sendo que um dos vídeos – eram três – era muito bom para
fazer o debate com os estudantes e conseguir, desde as bases, ir mudando essa
mentalidade arraigada culturalmente, é fato, mas que precisa de políticas
públicas para que sejam modificadas. Para isso, é fundamental que a gente lute
por direitos, lute pelos avanços civilizatórios e, sobretudo, não aceite essa
lógica de impor uma visão obscurantista sobre as políticas públicas. Cada um de
nós pode pensar o que quiser, pode fazer do seu corpo o que quiser, pode
frequentar a religião que quiser, pode gostar do que quiser, mas o Estado é laico,
e as políticas públicas têm que garantir igualdade para todos. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Prof. Alex Fraga está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. PROF.
ALEX FRAGA: Boa-tarde a todos os presentes nesta Casa. Gostaria de saudar todos os
militantes da causa, e o Ver. Bernardino Vendruscolo, que preside a Sessão.
Bom, eu falo em meu nome. A Ver.ª Fernanda Melchionna se manifestou muito bem
anteriormente à minha fala. Manifesto-me também em nome do Ver. Pedro Ruas e de
todos os militantes do meu Partido, o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade.
Liberdade, uma palavra bonita, uma palavra muito forte, uma palavra que tem
muitos significados. Felizmente, estou nesse Partido e posso manifestar, com
liberdade, as minhas posições, as minhas concepções. Posso me manifestar
favoravelmente à ausência total e completa de discriminação em todos os
âmbitos. A discriminação é horrível, ela trava a nossa Nação, trava o
crescimento da nossa sociedade, trava o nosso crescimento pessoal. Por isso,
sinto muita honra, muito orgulho de estar nesse Partido.
Eu gostaria de parabenizar a Ver.ª Séfora Mota por
trazer a esta Casa, neste momento, esse assunto muito importante. Eu sei que
não deve ser fácil para a senhora trabalhar esse tema no Partido em que está. É
um tema muito espinhoso no Partido a que a senhora pertence, mas me orgulha
muito ver a sua coragem. É preciso ter coragem! No Rio Grande do Sul, temos uma
sociedade bastante machista, muito machista. Talvez, se olhássemos para outros
Estados, nós veríamos que estamos talvez no século passado de outros locais em
que há uma mentalidade muito mais aberta para assuntos como esse. Mas,
infelizmente, aqui no nosso Estado, nós utilizamos muito uma palavra chamada:
machão. “Ah, é macho; ah, machão”. Eu diria que esse adjetivo, se pode ser
considerado positivo, ele deveria ser utilizado para as pessoas que têm a
coragem de assumir a sua sexualidade. Essas pessoas, sim, são machonas. Um
rapaz que se assume como gay, uma
moça que se assume como lésbica, não é fácil, porque a sociedade na qual
vivemos é sectarista, ela é discriminatória. E isso não vai mudar tão cedo. Eu
sou professor e, como professor, conheço as realidades das gerações que estão
chegando, das crianças que estão se formando. E eu posso afirmar, com muita
clareza, que nós educamos pelo exemplo. Educamos pelo exemplo! E, se existem
crianças, se existem jovens manifestando um ponto de vista bastante
discriminatório, ainda hoje, no século XXI, é porque os seus pais os são, os
seus avós foram. Então, nós, como Governo também, como peças importantes do
sistema político desta Nação, temos a obrigação de começar a mudar a
mentalidade desses jovens. Orientação, liberdade de expressão, liberdade sexual,
o art. 5º da nossa Constituição, a Lei Maior deste País, diz que todos somos
iguais perante a lei, sem qualquer tipo de distinção: sexual, gênero, etnia,
crença religiosa. Se somos todos iguais perante a nossa legislação máxima, por
que algumas pessoas se sentem ainda superiores? Por serem homens? Por serem
brancos? Por serem de uma condição social mais elevada? A Nação é composta por
todos! E, se há uma minoria dentro deste País, essa minoria deve ter voz, deve
ter vez e direitos. Eu acho que um simples exercício racional permite que nós
possamos interpretar fatos com uma outra cabeça, com outros olhos. Eu tenho
quatro filhos, quatro crianças pequenas ainda, não é uma coisa
comum hoje em dia, eu fico pensando: o que eu quero para os meus filhos? A única
coisa que me vem à cabeça é: felicidade. Eu quero que eles sejam felizes.
Felicidade da forma que for, escolhendo a sua opção sexual e a sua profissão.
Aí, alguns colegas me dizem: “Sim, mas tu vais falar para essa gurizada
estudar, não vão ser professores”. Mas eu tenho muito orgulho da minha
profissão, e, se um deles escolhê-la, por que não?
Então, eu acho que,
para termos felicidade, precisamos nos despir desses preconceitos. Eu acho que
isso vai nos fazer crescer como Nação, como povo, e, assim, seremos
verdadeiramente irmãos. Não somos assim, perante todas as crianças, religiosos?
Somente dessa forma seremos verdadeiramente irmãos.
Uma boa tarde a
todos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Dr. Cristaldo está com a palavra no período temático de
Comunicações.
O SR. DR. CRISTALDO: Sr. Presidente,
colegas aqui presentes, meninos e meninas, é com grande satisfação que hoje
chego nesta Casa. Sou Suplente de Vereador, então, às vezes, sobra uma
“boquinha” para mim e mandam me chamar. Hoje, eu me senti muito honrado de ser
chamado e cheguei aqui no dia da Visibilidade Lésbica.
Eu sou médico,
trabalho em Medicina, trabalhei em muitos postos de saúde. Hoje, sou cirurgião
plástico, então trabalhamos muito com a vaidade das pessoas e trabalhamos muito
com o homossexualismo também dentro do nosso consultório. A gente vê que,
tempos atrás, as coisas eram bem mais difíceis do que estão sendo agora, e,
talvez, as coisas estão sendo mais fáceis devido à luta de vocês. Porque, na realidade, a
nossa é uma geração cheia de preconceitos. Infelizmente, a nossa geração é
cheia de preconceitos. Mesmo nós, tendo algum homossexual dentro da nossa casa,
como parentes, discriminávamos essa pessoa, porque aquilo era feio para a
sociedade, era feio para a família, era feio para todo mundo.
Gente, eu vejo um crescimento enorme da aceitação
em relação ao homossexualismo. Outro dia, eu estava assistindo ao Jornal
Nacional e estava vendo uma reportagem sobre aquele rapaz americano que fez
denúncias sobre a espionagem dos americanos, do Obama. Então, o americano
fugiu, veio para cá e abriu a boca aqui. Logo em seguida, veio o companheiro
dele, que ficou preso na Inglaterra, sendo que pegaram o computador dele, não sei
mais o quê, houve um monte de problemas com esse menino. E a moça do Jornal
Nacional, quando estava dando a notícia, disse assim: “Olha, prenderam, na
Inglaterra, o esposo [o esposo!] do jornalista americano que veio trazer as
notícias!”. O esposo, gente! O que é isso? É um crescimento. Isso é uma coisa
bonita. Eu discordo um pouco do Prof. Alex com relação ao fato de que a nova
geração continua com preconceito. Eu discordo, professor. O senhor tem quatro
filhos, eu tenho três filhas. E tenho visto, gente, as minhas filhas falarem
coisas sensacionais sobre homossexualismo! Tenho uma filha de 13 anos, Deus o
livre, outro dia, estavam duas meninas que eu conheço, e eu disse a ela: “Olha
aqui, uma vai ter que ser mulher e a outra vai ter que ser homem”. A minha
filha queria dar em mim: “O que é isso, pai? Que é isso?”. Então, gente, a nova
geração está vindo sem preconceitos, é uma geração que está sendo ensinada por
nós e pelo mundo que o preconceito não leva a nada.
Até o sexto mês, quando estamos dentro da barriga da nossa mãe, não se sabe,
agora já se sabe, mas, antigamente não se sabia se era homem ou se era mulher
porque os órgãos genitais do menino e da menina, até o sexto mês, são iguais.
Depois do sexto mês é que as coisas começam a se desenvolver e aí a gente vai
saber se vai ser homem ou se vai ser mulher. Então, não existe essa coisa que
querem pregar, que foi pregada e que felizmente está acabando: vamos acabar com
o preconceito, vamos acabar com a homofobia, a vida é uma só, gente, a vida é
uma só, eu sempre digo. Não adianta, nós viemos ao mundo e temos de nos aceitar
como somos e temos de aceitar as pessoas como elas são, porque infelizmente a
vida é muito curta para sermos cheios de preconceitos, a vida é muito curta
para não nos aceitarmos como somos! Senão, quando formos nos aceitar, é tarde
demais.
Hoje nós estamos
falando sobre preconceito gay. Eu não
vou falar aqui sobre preconceito racista, eu convivi com ele, convivo com ele.
Hoje quando estou operando, meus colegas médicos dizem assim: “pô, engraçado,
Cristaldo, tu nem pareces negro, eu não suporto negro, olho para ti e tu não és
negro!” Ora, gente, o preconceito é uma coisa que existe para a geração mais
velha, o preconceito é uma coisa que existe para a nossa geração. O preconceito
é uma coisa que, daqui a 20 anos, daqui a 30 anos, cada vez será menor, isso
vai ser bom para nós, isso vai ser bom para o mundo, isso vai ser bom para os
nossos filhos, isso vai ser bom para todo mundo, gente.
Para concluir, quero
deixar aqui para vocês uma piadinha sobre a cura gay. Um rapaz chega e diz assim: “Pô, me deitei ontem homem e
acordei gay. Achava que estava
doente, fui procurar um médico, fui ao SUS e não tinha médico no SUS para me
tratar”. Então, acho que está na hora de a gente saber que essas coisas
acabaram, que não existe mais preconceito, não existe mais homem, não existe
mais mulher; existe um povo, existe uma população, existe uma irmandade, existe
gente para viver, para ser respeitada, para ser curtida, para ser amada e para
ser vivida. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra no período temático de
Comunicações.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, que
muito nos honra na substituição ao Dr. Thiago, hoje na Prefeitura de Porto
Alegre. V. Exa., de fato, está na presidência desta Casa num dia em que se
discute temas, como já foi dito nesta tribuna pelos colegas, de muita
importância.
Voltamos a esta tribuna para discutir um tema
que deveria ser normal para as pessoas. Já disse isso nesta tribuna que as
opções que as pessoas fazem na vida deveriam ser consideradas normais como ser
branco, preto, gordo, magro, alto, baixo, gay,
lésbica. Para mim não surpreende a pessoa ser gremista ou colorada, ser
católica, umbandista, protestante, ateu, para mim nada disso surpreende se a
pessoa é feliz, se a pessoa faz isso com amor, se leva amor no seu coração. Eu
sou um gordo feliz, um gordo que dá risada das coisas, sou uma pessoa que leva
a vida com alegria com todas as dificuldades, sou um sobrevivente dessa vida.
Agora me irrito e me indigno com o que vejo na trajetória da vida. Irrito-me e
me indigno com o Donadon, que foi absolvido ontem. Isso me irrita, me indigna
ver a política brasileira manchada por um presidiário, ladrão, condenado a 13
anos de cadeia e ficar por isso mesmo! O voto secreto não levar em conta a
decisão da maior corte deste País. Isso me irrita, assim como o preconceito me
irrita!
Quando meu filho
estava para nascer as pessoas perguntavam: “Vai ser homem ou mulher?” Eu dizia:
Não me interessa, vai ser meu filho; o que ele for, eu vou amar. Homem, mulher,
gay, lésbica, deficiente – quando eu era guri se dizia portador de deficiência
–, as coisas vão mudando e a gente vai se adaptando aos linguajares. Mas, se
fosse deficiente eu ia amá-lo. Não interessa o que ele fosse, amor é a palavra
para tudo. Agora, o preconceito é o veneno, o câncer, o tumor da sociedade!
Isso é a pior coisa que existe! Com o que nós temos que ter preconceito nós não
temos: com roubo, com a miséria, com a falta de saúde, com a falta de
compreensão, com o desrespeito, com a homofobia! Isso nós achamos normal,
achamos que é tranquilo.
Então, acho que a
Ver.ª Séfora está de parabéns por ter tido a coragem de propor esta homenagem
hoje ao Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, por trazer este tema a esta Casa,
à Casa de todos!
O Sr. Delegado Cleiton: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Janta, primeiro, reforma política tem
que ter o fim do voto secreto. E quando o senhor disse que é um gordinho feliz,
a minha mãe, que nasceu em 1915, sempre me dizia: “Felicidade é respeito, meu
filho! Nós viemos a este mundo para ser feliz e para respeitar o próximo!”
Há um tempo, como
professor de Direitos Humanos da Academia de Polícia, convidei algumas pessoas,
entre elas o Célio Golin, e vários grupos para fazer uma filmagem. E a filmagem
consistia numa pergunta só: “O que vocês desejam da Polícia Civil?” E a maioria
das respostas dos entrevistados foi: respeito! E aí, o que choca, Ver.ª Jussara
Cony, é que uma das representantes não foi porque ficou com medo, porque não me
conhecia: “um delegado ligou para o meu telefone e pediu que eu fosse me
encontrar em um lugar tal para ser gravado...” E eu fiquei sabendo, depois, que
ligou para a polícia até para saber se era verdade aquilo. E ela ficou com medo
até que fosse uma emboscada. Acho que foi há dois anos. É vergonhoso! E como
nós vimos ontem, no discurso de 50 anos, de Martin Luther King, que falava de
cem anos atrás, parecia que nós estávamos hoje falando de 50 anos à frente,
quando ainda sofremos preconceito. Obrigado.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Obrigado, Ver.
Delegado Cleiton. Toda pessoa homofóbica, preconceituosa tem que lembrar que
toda forma de preconceito, toda pessoa que sofre esse preconceito, ela tem um
pai, uma mãe, um irmão, tem um parente, e esse parente, muitas vezes, sofre
muito mais com o preconceito do que a própria pessoa que sofre o preconceito.
Sofre muito mais, porque a pessoa que faz isso faz por opção, ela está
plenamente consciente do que está fazendo. Eu estou plenamente consciente,
ainda na semana passada ou retrasada, tivemos uma homenagem à redução de peso,
e minha Bancada dizia: “Vai lá Janta.” E eu, deixo para vocês, que têm a
consciência pesada, a minha consciência é bem leve, tranquila. Porque eu acho
que a gente tem que levar a vida assim, as opções da gente são feitas, sejam
sexual, partidária, política, futebolística, religiosa, e nós temos que
conviver com tudo isso. Nós vivemos num País democrático, nós vivemos num País
em que a liberdade das pessoas tem que ser respeitada, e nós lutamos muito por
isso. Muitas vidas foram ceifadas por isso, não só pelo direito de votar. Não
vamos nos iludir que muitas pessoas tombaram não pelo direito de votar, muitas
pessoas tombaram pelo direito de tudo isso, de ir à rua, bater no peito e
dizer: eu sou gay; eu sou lésbica; eu
sou batuqueiro; eu sou gordo; eu sou isso; eu sou aquilo; eu sou livre; eu sou
feliz e quero meu direito de ser o que eu sou. Eu acho que esta Casa exerce
esse papel, quando recebe todos aqui dentro e todos podem se manifestar. Com
força e fé, vamos seguir ouvindo e respeitando o povo de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): Muito obrigado, Vereadora.
A Sra. Ana Naiara Malavolta está com a palavra.
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): Nós agradecemos a participação das senhoras e contem com todo o nosso
apoio, tenham certeza disso. Muito obrigado. Suspendo os trabalhos para as
despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h13min.)
O
SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo – às 16h14min): Estão
reabertos os trabalhos.
Em votação as Atas
disponíveis nas Pastas Públicas do correio eletrônico: Atas da 65ª Sessão
Ordinária e Ata Declaratória da 66ª Sessão Extraordinária. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que as aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADAS.
Passamos às
Hoje este período é
destinado a assinalar o transcurso da Semana e do Dia do Corretor de Imóveis e
a homenagear o Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio Grande do
Sul – Sindimóveis pelo transcurso dos 205 anos da profissão, nos termos do
Requerimento nº 139/13, de autoria do Ver. Márcio Bins Ely e do Ver. Bernardino
Vendruscolo.
Convidamos para compor a Mesa: Sr. Moacyr
Schukster, Presidente do Secovi/ Agademi, também Cidadão de Porto Alegre, por
reconhecimento desta Casa; Sr. Sidney Fontoura Gomes, Presidente do
Sindimóveis; Sr. Roberto Santiago, representante do Creci, Diretor Tesoureiro.
O Ver. Márcio Bins Ely, proponente desta homenagem,
está com a palavra em Comunicações.
O SR. MÁRCIO BINS ELY: Ver. Bernardino, na
pessoa de V. Exa. cumprimento aqui os demais Vereadores e Vereadoras; uma
saudação especial ao Presidente do Secovi/Agademi, Sr. Moacyr Schukster, que
abrilhanta os trabalhos desta Sessão com sua presença; ao Presidente Sidney
Fontoura Gomes, do Sindimóveis, e a nossa
diretoria; na extensão de Mesa aqui, fazer uma fazer uma saudação também ao
nosso Vice-Presidente Jacob e ex-Presidente Eliseu Elizalde e demais diretores,
Armando e o nosso Vice-Presidente, obrigado pela presença; nosso representante
do Creci – Conselho Regional dos Corretores de Imóveis; Tesoureiro Roberto
Santiago, homem do dinheiro; quero agradecer, sobremaneira, a presença de todos
e, também, ao meu colega corretor de imóveis, Bernardino, que hoje preside a
Câmara – tendo em vista que o nosso Presidente, Ver. Dr. Thiago, assumiu como
Prefeito – e, junto comigo firmou para que nós pudéssemos hoje destinar esse
período de Comunicações a homenagear os 205 anos da profissão de corretor de
imóveis, o Dia do Corretor do Imóveis, a Semana do Corretor de Imóveis, em
especial, também o Sindicato, o Sindimóveis, agradecendo aqui, mais uma vez, à
presença do Creci e do Secovi/Agademi.
Antes de dar início
aqui às minhas considerações, eu gostaria de proferir aqui a leitura do ofício
da Confederação Nacional dos Profissionais Liberais, firmado aqui pelo
Presidente Carlos Alberto Schmitt de Azevedo, que é o primeiro corretor de
imóveis a assumir a CNPL, gaúcho, nosso amigo, que envia a seguinte mensagem.
(Lê.): “Exmo. Sr. Márcio Bins Ely, Vereador, prezado senhor: A Confederação
Nacional dos Profissionais Liberais – CNPL, entidade representativa máxima dos
profissionais liberais, da qual os corretores e corretoras de imóveis fazem
parte, vem aplaudir a iniciativa dessa egrégia Câmara Municipal, através da
proposição de sua autoria, em prestar homenagem a esta indispensável categoria
profissional que por muito tem contribuído para o crescimento social e
econômico brasileiro. A par da justa e merecida homenagem aos corretores e
corretoras de imóveis, lamento informar que, em face de compromissos
anteriormente agendados, não poderei comparecer pessoalmente. Todavia, através
de nossa diretoria, indicamos o Presidente do Sindicato, companheiro Sidney, a
representar a CNPL na aludida homenagem”. Então, fica aqui o registro, agradeço
aqui o carinho do nosso Presidente Carlos Alberto, que também endereça uma
carta ao Presidente, Ver. Dr. Thiago, e outra ao nosso Vice-Presidente, Ver.
Bernardino.
Então, eu quero dizer
que, com muita honra e a pedido do Sindicato, já protocolei, Ver. Christopher,
um pedido de inclusão no Calendário Oficial de Eventos da nossa Cidade o Dia do
Corretor de Imóveis, dia 27, e a Semana Municipal dos Corretores de Imóveis,
que pretendemos aprovar ainda este ano a inclusão dessas datas no nosso
Calendário Oficial, para que nós tenhamos condições de integrar
como uma política prioritária a divulgação das atividades da Semana junto ao
Calendário Oficial do nosso Município.
Também tivemos a oportunidade, ali no Plaza, no
início da abertura da Semana, segunda-feira, de falar um pouquinho a respeito
das transformações da nossa Cidade, da responsabilidade do corretor de imóveis
hoje intermediando os negócios imobiliários, sobre as transformações que se
avizinham e que são visíveis, como os canteiros de obras na nossa Cidade, e
essas nossas novas realidades que representam potencialidades em alguns
territórios de Porto Alegre. Na mesma oportunidade, fiz menção à revitalização
do nosso Cais do Porto como um espaço de ambiência que deve reescrever uma
página importante da história da nossa Cidade; o Centro, que já tem as suas
três principais praças reurbanizadas, ou melhor, a praça da Matriz, em vias de
estar se reurbanizando, e a Praça XV e a Praça da Alfândega já com as suas
intervenções concluídas. Falei, também, a respeito do nosso metrô, que já está
na agenda positiva da Cidade, e as suas potencialidades principalmente no
entorno das suas estações, que são locais que nos permitirão um adensamento e
uma valorização imobiliária. Conversamos sobre o 4º Distrito, o entorno da
Arena do Grêmio, o entorno do estádio da Copa do Mundo, o Beira-Rio; a sua
valorização, a qualificação daqueles espaços urbanos no seu entorno; a
implementação, na agenda positiva da Cidade, das ciclovias, que hoje é uma
realidade. Nós aprovamos, nesta Casa, o Plano Diretor Cicloviário. A bicicleta
é, sem dúvida nenhuma, no mundo, o meio de transporte mais utilizado, mas, na
vida da Cidade, ainda faltava uma atenção especial do Poder Público para que
pudéssemos agregar alguma valorização imobiliária a esse tipo de intervenção. E
as demais situações todas que vemos, as duplicações de vias, a ampliação do
aeroporto, o aeromóvel, as próprias obras de arte, o X da rodoviária e aquelas
que vão trazer melhorias na mobilidade urbana da 3ª Perimetral, que são as
passagens de níveis e os viadutos. Conversei, também, a respeito dos BRTs, esse
novo conceito de transporte coletivo na Cidade, mais ou menos semelhante aos
“ligeirinhos”, para quem já foi a Curitiba.
Trazendo esse contexto, fazendo essa análise, eu
quero aqui reverenciar a profissão do corretor de imóveis, que, em função do
Código Civil, hoje tem uma responsabilidade ainda maior na transação
imobiliária com relação a registros, questões formais de propriedade,
observação na questão contratual e tudo o que representa hoje a intermediação
de imóveis, a sua responsabilidade e a sua importância.
Queria, então, fazer um breve resumo a respeito do
histórico da nossa profissão. Com imensa alegria e satisfação, estamos aqui
reunidos para homenagear a profissão dos corretores de imóveis, o Sindicato dos
Corretores de Imóveis, o Dia do Corretor de Imóveis e a Semana do Corretor de Imóveis,
e esta homenagem é fundamentada no reconhecimento de fatos incontestáveis. Eu,
que faço parte do Sindimóveis, conheço de perto o trabalho e a luta dos nossos
dirigentes para construir uma entidade de classe cada vez mais forte, que
promova a união da categoria, a proteção e a qualificação dos corretores de
imóveis. Tenho também plena ciência da responsabilidade da nossa categoria na
cadeia produtiva do ramo imobiliário e no crescimento econômico do nosso Estado
e do nosso País. A nossa categoria tem raízes históricas na economia
brasileira.
O Professor do Departamento de Ciências Políticas
da Universidade de São Paulo, Boris Fausto, em seu livro “História do Brasil”,
se refere ao trabalho do corretor de imóveis já em 1808, na época da chegada da
corte portuguesa à Bahia e ao Rio de Janeiro. Segundo Boris: “Vieram os agentes
imobiliários, pessoas que, com um caderno de apontamentos na mão, muita
disposição e o sonho de vencer na vida, passaram a intermediar negócios
imobiliários utilizando os anúncios nos jornais para divulgar suas ofertas e a
sola dos sapatos para identificar os vendedores e deles adquirir a autorização
para a venda”. Nessa citação, tive a atenção atraída pela palavra “sonho”. Por
quê? Porque vivemos de sonhos, Ver. Valter, e, antes de iniciar qualquer
empreendimento, precisamos sonhar, e sonhar alto. E foi exatamente isso o que
fizeram os dirigentes de nossa entidade de classe e ainda continuam fazendo:
sonhando alto pelo bem da nossa profissão.
O Sr. Valter Nagelstein: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bins Ely, quero cumprimentá-lo pela
iniciativa de prestar esta homenagem à Semana e ao Dia do Corretor de Imóveis e
ao Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio Grande do Sul; quero
cumprimentar o Sr. Presidente dos trabalhos, também corretor e também vinculado
à área, Ver. Bernardino Vendruscolo. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Quero também estender a todos os corretores de imóveis e a todos os
profissionais que trabalham na área da corretagem de imóveis que comparecem a
esta Câmara de Vereadores e prestigiam V. Exa. nesta justa homenagem que faz
hoje. Quero me somar à sua fala, em nome do meu Partido, o PMDB, aos
cumprimentos que faz a este segmento tão importante da nossa economia, especialmente
da economia de Porto Alegre, até porque a economia da cidade de Porto Alegre
hoje é assentada na prestação de serviços, mas o grande empuxo, aquela que dá à
economia de Porto Alegre é a construção civil, e a construção civil está
umbilicalmente ligada ao corretor de imóveis e à administração de imóveis de um
modo geral. Então, quero cumprimentar V. Exa., cumprimentar o Presidente e todo
o segmento. Os nossos parabéns pela justíssima homenagem que faz porque é o
reconhecimento a um setor que ajuda, que oxigena e que alimenta a movimentação
econômica da nossa Porto Alegre, gerando empregos, gerando renda e ajudando a
nossa Cidade a se desenvolver. Parabéns a todos! (Palmas.)
O Sr. João
Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Márcio
Bins Ely, quero, em nome da Bancada do Partido Progressista cumprimentá-lo pela
importante homenagem aos 205 anos da profissão de corretor de imóveis, em nome
da Ver.ª Mônica e do Ver. Guilherme Socias Villela. A Mônica disse que ela
gosta tanto de vendas que ela seria uma boa corretora de imóveis. Portanto, eu
acho que, quando ela se aposentar, podíamos arrumar... se ela passar no
concurso, no teste, tudo de acordo com a lei. Quero cumprimentar a Mesa,
dizendo que esta Câmara e a minha Bancada se associam ao Ver. Márcio Bins Ely e
agradecem essa imensa contribuição que essa área de imóveis traz para nossa
Cidade: traz progresso, traz desenvolvimento, traz renda, traz mão de obra e
traz impostos, que deverão ser traduzidos em benefício à sociedade. Parabéns e
sejam muito bem-vindos a esta Casa! (Palmas.)
O Sr. Alceu
Brasinha: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Márcio Bins Ely, é com muita
satisfação que a Bancada do PTB também se manifesta, dizendo que, realmente, os
corretores de imóveis são pessoas que trabalham e vão atrás do negócio. Quando
a gente dá o telefone para um corretor, eles tratam a gente tão bem que eu acho
que muitas áreas deveriam aprender com o corretor de imóveis, porque ele dá uma
atenção muito especial para o cliente. Então, eu quero desejar neste dia de
aniversário, aliás, eu disse para o Ver. Cleiton que ele tem o privilégio de
fazer aniversário justamente no dia da homenagem ao corretor de imóveis. O Ver.
Delegado Cleiton está completando hoje 18.993 dias. Olhem a idade desse meu
querido amigo! Então, eu quero desejar felicidade para os corretores de
imóveis, longa vida aos senhores! Os senhores estão muito bem representados por
esse extraordinário e competente Vereador Márcio Bins Ely. O único defeito que
ele tem, sempre costumo dizer isso, é que ele é colorado. Certamente, 80% dos
corretores são gremistas e estão felizes porque, ontem, nós ganhamos e hoje nós
vamos secar e vamos torcer pelo Salgueiro!
O Sr. Delegado
Cleiton: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para ser rápido no
aparte, gostaria de parabenizar o meu colega e dizer que a Bancada do PDT está
muito feliz pelo dia e por esta homenagem que faz a tão brilhantes
trabalhadores. E também fico feliz, como diz o Brasinha, por esta homenagem ser
no dia dos meus 18.993 dias de vida. Obrigado e um abraço a todos!
O SR. MÁRCIO
BINS ELY: Obrigado, Ver. Delegado Cleiton, e aproveito, da tribuna, para também
parabenizá-lo pelo seu aniversário. Queria dizer que hoje nós temos a nossa
Bancada composta também pelo Ver. Dr. Cristaldo, que é médico. Sabem que tenho
um avô que é médico, mas é importante registrar que eu tinha um avô que era
corretor de imóveis, meu pai é corretor de imóveis, eu sou corretor de imóveis
e o meu bisavô era corretor de imóveis. Então, quer dizer que, para mim, é uma
honra muito grande eu ser corretor de imóveis. Dando sequência ao histórico do
registro da nossa homenagem: mais de um século depois, em 1937, a categoria
implantou o primeiro Sindicato dos Corretores de Imóveis no Rio de Janeiro. O
Rio Grande do Sul também foi um dos pioneiros, criando a Associação
Profissional dos Corretores de Imóveis de Porto Alegre, que passou a ser um
sindicato, em 1945. Doze anos depois, em 1957, o 1º Congresso Nacional dos
Corretores de Imóveis reivindicou uma legislação regulamentando as atividades
profissionais. Cinco anos mais tarde, a Lei nº 4.116, de 27/08/1962, permitiu a
organização dos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, aqui representado
pelo nosso Tesoureiro. Nessa data, passou a ser comemorado o Dia Nacional dos
Corretores de Imóveis. Em 1978, outra vitória: a Lei nº 6.530 regulamentou a
profissão dos Corretores de Imóveis. Em 1985, o Sindimóveis conseguiu uma nova
conquista: propôs novo enquadramento sindical para os corretores de imóveis que
passaram de Agentes Autônomos do Comércio para Profissionais Liberais. Com a
Portaria Ministerial nº 3.245, de julho de 1986, foi criada a Federação
Nacional dos Corretores de Imóveis, a Fenaci, a qual eu tenho a honra de ser
representante do Sindicato na condição de Diretor eleito e hoje represento
também o nosso Sindicato junto à Fenaci, junto com os demais Diretores. Em maio
de 2002, mais uma vez o Sindimóveis mostra a sua força, reunindo mais de mil
profissionais no 19º Congresso Nacional dos Corretores de Imóveis, em Porto
Alegre, para debater aspectos sindicais e o setor produtivo imobiliário
brasileiro. No encontro, foi aprovada a Carta de Porto Alegre, que sugeriu,
entre outras coisas, a criação do Ministério da Habitação e o cumprimento da
lei que cria o Sistema Financeiro da Habitação, com juros máximos de 10% nos
financiamentos e o direcionamento dos recursos captados pela Caderneta de
Poupança para o SFH. Por essas e outras iniciativas, o Sindimóveis é merecedor
desta homenagem junto com a homenagem que prestamos à categoria.
Eu quero enfatizar também aqui, de maneira
veemente, que as entidades não existem sem a energia, o trabalho, a dedicação e
a capacidade de homens e mulheres de visão que promovem o seu crescimento, o
que eu faço aqui também na pessoa dos nossos dirigentes presentes a esta
Sessão. Como diria Roberto Shinyashiki: “O êxito começa no exato momento em que
o homem decide o que quer e começa a trabalhar para consegui-lo”. O Sindimóveis
é dirigido por pessoas determinadas que sabem o que é necessário fazer para
cumprir sua missão frente a seus associados e frente à sociedade. Nesta
ocasião, cumprimento também meus colegas corretores, uma categoria de
profissionais qualificados que presta relevantes serviços à população. Todos
sabemos que uma orientação segura, responsável e ética do corretor de imóveis
garante segurança a quem quer comprar ou vender um imóvel. Ouso dizer que o
corretor de imóveis é um conselheiro, e que transforma sonhos em realidade.
Parabéns, um forte abraço, muito obrigado! Divido meu tempo com o Ver.
Bernardino Vendruscolo que também é autor desta homenagem.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Márcio Bins Ely assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Márcio Bins Ely): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Lá se vão trinta e tantos anos!
Esta semana, me perguntando o que eu deveria falar, para não ser repetitivo,
Ver. Márcio, verifiquei que hoje também é o Dia do Psicólogo, e há vários
corretores psicólogos, até porque recebi retorno me cumprimentando por isso.
Mas, meus prezados colegas, eu escrevi o seguinte:
Assim como o Psicólogo estuda a ciência da alma, tão necessário nos dias de
hoje; os corretores, com o seu conhecimento técnico, procuram evitar o
agravamento da doença da alma. Para tratar a doença da mente, devemos procurar
um Psicólogo. Para tratar do sonho da casa própria, procure um corretor de
imóveis.
Eu tenho dito aqui, e vou repetir, eu mesmo, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, em oportunidade em que vendi e comprei imóveis,
ainda que seja corretor de imóveis, me vali de um colega da profissão para
tratar do assunto. O que, nos últimos anos, eu tenho pregado e estou me
convencendo a cada dia? Que quando alguém pretende comprar um imóvel, evite
procurar esse imóvel pelos jornais; procure, primeiro, um corretor de sua confiança,
como nós procuramos um advogado da nossa confiança, como nós procuramos o nosso
médico. Devemos, sim, ter o nosso corretor, que é o homem de confiança, que é o
homem – homem ou mulher, evidentemente – que vai conversar com o cliente para
saber das suas condições.
Vereadores e Vereadoras, há apartamentos do mesmo
tamanho e localizado no mesmo prédio que têm valores diferentes de venda,
dependendo da posição em que ele está. Vou falar sobre um assunto que eu tenho
certeza que todos dominam: a questão do sol. Como é bom a gente morar num
imóvel em que bate sol no inverno e tem bastante sombra no verão. Sabem quem
pode mostrar esse imóvel? É o corretor, ele está preparado para isso. O
corretor é um profissional que está preparado para verificar a documentação dos
imóveis. Ele está preparado para nos apresentar uma proposta dentro das nossas
condições econômicas.
É verdade o que o Márcio dizia aqui sobre a
evolução das condições técnicas do corretor de imóveis. Até alguns anos atrás,
o nosso trabalho se resumia – é claro, sempre teve exceções – em mostrar o
imóvel para o comprador, juntar o comprador e o vendedor e o serviço estava
feito, os mais antigos sabem disso. Hoje, os tempos mudaram, a
responsabilização é bem outra, a exigência dos clientes é bem outra, por isso a
importância do trabalho desse técnico profissional. O corretor de imóveis hoje
não é mais um vendedor de um produto que é importante, o vendedor de imóvel é
um consultor, é alguém que vende sonhos, alguém que evita dissabores, alguém que
evita situações que a gente não precisa nem mencionar aqui, pois todos os
senhores e as senhoras sabem. Esse é o profissional corretor de imóveis. Uma
grande maioria dos nossos profissionais hoje com formação superior, uma grande
maioria dos nossos profissionais corretores com curso técnico e aprimoramento
nas avaliações de imóveis. As entidades hoje todas estão voltadas para esse
aprimoramento profissional. O Secovi/Agademi é uma entidade que hoje traz um
certo conforto para quem trabalha com administração de condomínios, que é o meu
caso, na qualificação profissional. O Creci também está voltado para a
qualificação profissional, o Sindicato, o Sindimóveis. Então, hoje, os
corretores também podem dizer que as representações estão, sim, voltadas para o
aprimoramento profissional. Márcio, mais uma vez quero te cumprimentar por
estarmos propondo essa homenagem em conjunto. Sempre que nós pudermos, vamos
fazer esse trabalho em conjunto, porque assim nós vamos, com certeza, atender à
expectativa da classe dos profissionais do mercado imobiliário. Parabéns, Ver.
Márcio Bins Ely. Parabéns a todos os senhores e as senhoras. Obrigado.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Márcio Bins Ely): Obrigado, Bernardino Vendruscolo, coautor dessa
iniciativa de nós registrarmos aqui, durante a nossa Sessão, no período de
Comunicações, uma homenagem aos 205 anos da profissão de corretor de imóveis, o
dia do corretor de imóveis, a semana do corretor de imóveis. Agradeço as suas
palavra e devolvo a presidência dos trabalhos, para que nós possamos dar
seguimento a esta homenagem. Muito obrigado.
(O Ver. Bernardino Vendruscolo reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Dizem que o Moacyr, por ser cidadão de Porto
Alegre, tem preferência para falar primeiro. O Sr. Moacyr Schukster,
representando o Secovi/Agademi, está com a palavra.
O SR. MOACYR
SCHUKSTER: Boa-tarde a todos. Cumprimento os dois propositores desta iniciativa da
homenagem aos corretores de imóveis: o Ver. Bernardino Vendruscolo e o Ver.
Márcio Bins Ely. O Ver. Bernardino Vendruscolo – já o conhecia como empresário
–, quando se tornou Vereador, vendo como ele era combativo e olhando para a
figura do Bernardino Vendruscolo, vocês vão combinar comigo que ele parece um
autêntico viking. E, agora, com essa
sua marca registrada, que é o tapa-olho, ele é o Spartacus dos vikings.
Ele realmente ficou assim, ficou uma figura emblemática do gaúcho aguerrido. E
o nosso Ver. Márcio Bins Ely, vocês hão de convir comigo também que ele não
está na TV Globo, hoje, porque não quer, porque, talvez, não queira beijar
aquelas moças daquele estúdio de Jacarepaguá. Mas eu quero agradecer muito a
esses dois grandes gaúchos porque, de fato, eu também, como corretor e Cidadão
Honorário, pela mão mágica do Bernardino, quero dizer que esta homenagem é mais
do que justa. E é por esse motivo que eu também saúdo os demais Vereadores aqui
da Casa pela benevolência em concordar com a homenagem ao corretor de imóveis e
dizer que, de fato, assim como falaram antes os dois Vereadores, a profissão de
corretor, hoje, está muito importante dentro da nossa coletividade.
Em primeiro lugar, porque o corretor de imóveis de
antanho era de muito boa vontade, de muito otimismo, de muito carisma, muito
ímpeto, mas hoje só isso não resolve: o corretor precisa estar muito bem
preparado. Então, nós temos cursos que preparam o profissional, e isso está
servindo, e muito, à sociedade. Basta dizer, companheiros, que, hoje, na cidade
de Porto Alegre, nós temos, em média, 3 mil a 3.300 negócios imobiliários por
mês. Desses 3 mil, 3.300 negócios imobiliários por mês, eu garanto que, no
mínimo, 90% são feitos através de corretores de imóveis. Então, vejam como a
cadeia do Construbusiness tem a mão do
corretor de imóveis como dado importante, porque não adianta comprar o terreno,
construir, se trancar lá na venda. E o corretor de imóveis é, de fato, um
autêntico peleador para que a produção seja escoada. Então aquilo que foi
mencionado pelos Vereadores que me antecederam, realmente é uma verdade
autêntica. Ou seja, de fato, o corretor de imóveis tem uma importância ímpar na
nossa economia. É por esse motivo que eu quero agradecer a oportunidade,
agradecer ao Dr. Márcio e ao Sr. Bernardino pela lembrança de colocar o corretor de
imóveis aqui nesta evidência, e dizer a todos os meus colegas corretores de
imóveis que iniciativas como esta nos entusiasmam e fazem com que continuemos
labutando pela profissão, pela nossa Cidade e por este País, com toda a
empolgação. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Sr. Roberto Santiago, representando o Creci, está
com a palavra.
O SR. ROBERTO
SANTIAGO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) O Presidente não pôde estar presente
em virtude de compromissos. Não preparei nenhum discurso, mas quero
cumprimentar o Márcio Bins Ely pela proposta, assim como o Ver. Bernardino e
todos os Vereadores pela proposição da Semana do Corretor de Imóveis. É uma
Semana que está bastante avançada. Hoje é o nosso dia. Então, agradeço pela
Diretoria do Creci, em nome do Presidente. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Sr. Sidney Fontoura Gomes, Presidente do
Sindimóveis, está com a palavra.
O SR. SIDNEY
FONTOURA GOMES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita
alegria e satisfação, Márcio e Bernardino, que nós recebemos esta homenagem. A
39ª Semana do Corretor de Imóveis é de congraçamento, é de qualificação, é de
diversão e aproximação dos corretores de imóveis do Rio Grande do Sul. Muito
nos honra esta homenagem, porque já faz 39 anos que é editada a Semana.
Evidentemente que se passaram alguns problemas que tivemos na Semana do
Corretor, em diversos momentos dessa caminhada – o Eliseu Elizalde e o Jacob
Alves da Silva sabem perfeitamente do que falamos –, mas chegamos aqui
agraciados com essa homenagem e a homenagem ao Sindimoveis-RS, porque esse é um
sindicato de muitas lutas; lá, nós mudamos o enquadramento sindical do corretor
de imóveis de agentes autônomos do comércio para profissionais liberais; lá
dentro do Sindimoveis se criou a Lei nº 6.530, que regulamenta até hoje a
profissão dos corretores de imóveis; de lá saíram os primeiros desenhos para o
corretor de imóveis ser perito avaliador, que hoje tem a chancela do Conselho
Federal, através da Portaria nº 1.066. Então, o nosso trabalho é de muita luta.
E não estamos com o dever cumprido – jamais. Nós ainda temos muito que fazer,
temos muito que crescer, nós somos responsáveis por 17% do PIB. Em alguns
países da Europa e também nos Estados Unidos e no Canadá o mercado imobiliário
supera os 30% do PIB. A cadeia produtiva imobiliária é importante e o corretor
de imóveis está nas duas pontas: ele está lá no início, quando coloca os seus
conhecimentos à disposição das incorporadoras, das construtoras, vendendo o
terreno, no desenvolvimento desse produto e na venda final dele – tanto do novo
como daquele que é colocado no mercado como imóvel de
avulsos para o bem dos negócios imobiliários. É a única profissão, Bernardino,
que tem um capítulo da corretagem no Código Civil que entrou em vigência em
2003. Não conheço outra profissão que tenha ali os seus direitos e deveres,
como nós temos. Dada a importância do momento em que nós vivemos no mercado
imobiliário perante a sociedade, perante os poderes constituídos, é muito
gratificante ter o trabalho do Sindimóveis e dos Corretores de Imóveis
reconhecido por esta Casa.
Ver.ª Mônica, no
próximo mês, nós estaremos iniciando a nossa Escola de Educação
Profissionalizante, então sinta-se convidada a participar desde já, como aluna
TTI, o que muito nos honrará, daqui a algum tempo, tê-la como colega.
Bernardino,
novamente, muito obrigado. Agradeço também ao Márcio, ao Dr. Moacyr, ao
Roberto, a todos os companheiros que aqui estão e muito nos honra esta
homenagem. Boa tarde. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Despeço-me dos colegas corretores com um abraço a cada um dos senhores.
Até o próximo encontro. Muito obrigado.
Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h54min.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo – às
16h55min): Estão reabertos os trabalhos.
O Ver. Mario Manfro
está com a palavra em Comunicações. (Pausa.)
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr. Presidente, foi divulgado, há mais de 15 dias, na imprensa, nas
redes sociais, com vários panfletos, materiais e carros de som na nossa Cidade,
que amanhã, em Porto Alegre, será um dia de lutas e paralisações. É noticiado
que os rodoviários, no início da manhã, farão greve; que os transportes
estarão, na parte da manhã, em greve, que vários setores e vários trabalhadores
estarão, amanhã, nesse ato de paralisações e lutas. E eu queria ver com V. Exa.
a liberação do ponto dos funcionários desta Casa em virtude de não ter
transporte para eles virem no dia de amanhã. Sexta-feira é um dia atípico, não
há Sessão, não há quase nada na Casa, é só expediente interno. Então, queria
fazer esse encaminhamento a V. Exa.
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): É, sim, do nosso conhecimento a possibilidade de
greve. Nós já conversamos com a Diretoria desta Casa, e aquele servidor que
porventura tenha dificuldade de se deslocar até esta Casa, por questões de
greve, evidentemente, nós vamos dar um jeito de abonar a falta. Não podemos,
antecipadamente, dizer que será abonada a falta, até porque não sabemos se haverá
greve. Mas, havendo greve, e os servidores que tiverem dificuldades para estar
aqui, evidentemente que nós teremos a compreensão necessária.
O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Paulinho Motorista está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) Ausente. O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra Comunicações.
(Pausa.)
O Ver. Clàudio Janta está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, público que nos
assiste através da TVCâmara. Amanhã, novamente, sexta-feira, 30 de agosto, os
trabalhadores brasileiros, de norte a sul deste País, estarão fazendo atos e
protestos em defesa da agenda nacional, agenda que
foi acertada com o Governo Federal, que foi apresentada para o Governo Federal,
foi apresentada à Presidente Dilma Rousseff, há três anos, na 2ª Conferência
Nacional da Classe Trabalhadora – Conclat, no Pacaembu, em que pedimos 10% do
Orçamento da União para a Saúde, pedimos que fosse disponibilizada para todos
os trabalhadores brasileiros, para toda a sociedade brasileira o acesso a esse
bem maior que é a Saúde. Que seja disponibilizado 10% do nosso Orçamento para
leitos hospitalares, para o Programa de Saúde da Família, para medicamentos,
para o acesso desse povo a esse bem maior que é a vida.
Pedimos também que
seja feita uma nova tabela do Imposto de Renda. Quando entregamos esse
documento, falava-se, na época, em R$ 2,5 mil, em torno disso; hoje, com as
correções, pede-se uma isenção no Imposto de Renda para salários até R$ 6 mil.
Não pode um trabalhador que ganha R$ 1,4 mil, pagar 7% de Imposto de Renda!
Pedimos também o fim do
fator previdenciário; a pessoa trabalha a vida inteira e a proposta que há é de
se trabalhar na próxima geração até, a proposta que há é as pessoas se
aposentarem com 110 anos, a proposta que há é nós trabalharmos a vida inteira,
a proposta que há é jamais as pessoas se aposentarem. Também pedimos a redução
da jornada de trabalho, para que as pessoas tenham mais tempo para viver com
suas famílias, mais tempo para educar seus filhos, mais tempo para fazer as
suas atividades culturais, esportivas, para se qualificar, para estudar, mais
tempo de lazer, mais tempo de vida. A redução da jornada de trabalho permite
que se tenha uma qualidade melhor de vida, e o Governo brasileiro assinou um
trabalho decente. E tudo isso que nós falamos aqui é decência no trabalho, tudo
isso que nós falamos aqui é dignidade no trabalho! E principalmente a
terceirização. O Governo vem discutindo, e, quando falo no Governo, é porque o
Governo encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de terceirização, e não é
nem terceirização mais, é “quinteirização”, o que
precariza todo o trabalho, destrói as relações de trabalho, permitindo que o
trabalhador de cada setor vire uma empresa, tirando todos os direitos
conquistados a duras penas, desde que milhares de trabalhadores foram às ruas, durante
séculos, conquistando a licença-maternidade, o 13º salário, férias, fundo de
garantia, descanso semanal, repouso remunerado; várias coisas que a
terceirização tira.
Então, no dia de
amanhã, os trabalhadores brasileiros, e aqui na nossa Cidade, farão grandes
atos, grandes protestos de paralisação, de mobilização, de conscientização para
a população brasileira. Na semana que vem, dia 3, estaremos em Brasília, onde
votaremos numa Comissão a terceirização. Estaremos em reunião com o Governo,
novamente, para discutir a agenda do Movimento Sindical, agenda que poderá
fazer este Brasil avançar e combater a especulação, combater esses dólares que
vêm beneficiando, cada vez mais, a especulação, como vimos, novamente, os juros
aumentarem em 9%, beneficiando o capital especulativo, beneficiando o sistema
financeiro, tirando o dinheiro da produção. Com força e fé, vamos seguir
lutando por um Brasil mais justo, por um Brasil mais democrático, por um Brasil
onde todos tenham as mesmas oportunidades, e não somente os banqueiros e o
capital especulativo.
(Não revisado pelo
orador.)
(O Ver. Clàudio Janta
assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. CLÀUDIO JANTA: O Ver. Christopher
Goulart está com a palavra em Comunicações.
O SR. CHRISTOPHER GOULART: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, senhores que nos
assistem pela TVCâmara, eu ocupo esta tribuna neste momento, para requerer uma
Moção de Repúdio ao fato divulgado, de conhecimento no Brasil inteiro, do que
ocorreu ontem na Câmara Federal do País. Nós entendemos que a ausência da
cassação, a ausência do combate efetivo da corrupção de alguém que se mantinha
à frente de uma organização criminosa, fazendo parte de uma quadrilha, com
condenação, com trânsito em julgado, que estava dentro do Presídio da Papuda,
não é possível que o nosso Congresso feche os olhos para um fato tão lamentável
quanto este na questão da manutenção do seu mandato político. Eu penso que,
naturalmente, essa onda de protestos, justa, necessária –, e eu venho de uma
geração que quer mudar, quer transformar a política do País –, não pode ser
conivente, Ver.ª Fernanda Melchionna, com essas práticas respaldadas pela nossa
maior Casa política, de uma representatividade como é a Câmara Federal. Eu
encaminho da seguinte forma: que se envie a presente Moção, em razão da decisão
dos Deputados Federais, dentre os 41 que se abstiveram e outros 131 que votaram
pela manutenção do mandato do Deputado Donadon.
Por isso
apresento a presente Moção de Repúdio, propondo que esta Casa aprove, para que
seja vista a nossa inconformidade com essa situação, que degrada a imagem das
Casas Legislativas deste País. Notem que nós estamos falando também de uma
responsabilidade que incide sobre nossa Bancada, na Bancada dos Deputados
gaúchos do Rio Grande do Sul, porque quase metade dos Deputados gaúchos estava
ausente. Vejam, foram 14 Deputados ausentes e 17 Deputados presentes, Ver.
Alex. Nesse contexto é importante salientarmos a nossa responsabilidade, porque
a sequência disso, no momento em que não agirmos sobre a moralização pública,
sobre a eficácia dos princípios da Administração Pública, nós não sabemos onde
isso pode terminar. Nós temos que dar um basta, nós temos que dar um fim.
Por isso encaminho
esta Moção. É necessário salientar também, em nome da minha Bancada, que o
único Deputado que se fez presente, e que votou evidentemente a favor da
cassação, foi o Deputado Vieira da Cunha, porque nós temos, sim, que cobrar
também os nossos representantes da Câmara Federal nesse aspecto. Então,
saliento a presença obrigatória, necessária do Deputado Vieira da Cunha, que
votou, inclusive, aberto e de forma favorável à cassação. Aliás, voto aberto
que deveria contrapor a ideia esdrúxula das prerrogativas legais, das
imposições que o Congresso coloca aos seus Deputados quando determina que o
voto tem que ser secreto, até porque o voto secreto, ao nosso ver, reforça o
corporativismo e a própria corrupção. Os Deputados têm que mostrar a cara,
dizer a que vieram, têm que dar satisfação aos seus eleitores, têm que mostrar
para o País que nós precisamos urgentemente mudar essa pauta. Nós não podemos
confundir Plenário com presídio, nós temos que dar uma cara séria, honesta, que
é o que a nossa geração pede e é o que a maioria do povo brasileiro, de uma
forma íntegra, que se manifestou, exige. Nós temos obrigação de prestar votação
a esta Moção, entendendo que a Casa Legislativa da Capital do Rio Grande do Sul
também tem uma responsabilidade sobre esses fatos estarrecedores que incidem
improbidade, quebra de decoro, lesam os cofres públicos. Então, é neste sentido
que eu apresentei esta Moção, pois entendo ser necessário que esta Casa se
manifeste em relação a esse fato. Era isso, muito obrigado, Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clàudio Janta): Obrigado, Ver.
Christopher. A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra em Comunicações.
A SRA. LOURDES SPRENGER: Sr.
Presidente, Ver. Clàudio Janta, hoje é um dia especial, o nosso Presidente da
Casa está Prefeito em exercício, o que é uma experiência válida para a nossa
Capital.
Hoje eu quero falar,
Sr. Presidente, Vereadores e Vereadoras, sobre um projeto de lei, apresentado
em 2005 e que foi muito conhecido e serviu de modelo para o resto do País, que
resultou na Lei de Inclusão Social e Retirada das Carroças de Porto Alegre.
Então, para aqueles
que não acompanharam, quero fazer um relato de como aconteceu toda essa
tramitação. Em 2005, tramitou esse projeto aqui na Câmara com o objetivo de
retirar as carroças e os maus-tratos dos animais da Cidade. Em 2006, tivemos
várias Audiências Públicas aprofundando o debate com a sociedade civil
organizada. Em 2008, o projeto foi aprovado pela Lei nº 10.531, por 22 a 12
votos aqui nesta Casa. Em 2008, a Justiça acolheu a solicitação do Ministério
Público que determinava que a EPTC apresentasse relatórios de fiscalização de
carroças e maus-tratos nas vias da Cidade. Em 2009, os desembargadores do
Tribunal de Justiça acolheram a constitucionalidade dessa Lei, porque havia
sido impetrada uma ADIn proposta por uma entidade representante dos
carroceiros. Em 2010, a Prefeitura publica, enfim, o Decreto regulamentando o
Programa de Redução Gradativa das Carroças, como resultado do trabalho de um Comitê
Intersetorial da Prefeitura Municipal.
O Ministério Público analisa e concorda com a
proposta para efetivar a aplicação desta legislação.
Em 2012, a Prefeitura Municipal anuncia como
finalizada uma etapa de cadastramento dos carroceiros, correspondente à Região
do arquipélago. Na mesma época, foi empossado um Conselho Gestor para esse
programa de redução gradativa, e, em 2013, noticia a liberação de recursos do
BNDES, que deve ser aplicado a este programa, e que a retirada começaria em 1º
de setembro de 2013, em 1º de março foi prorrogado para setembro de 2013.
Agora, está em toda a mídia, e o Governo Municipal anunciou para este domingo,
o início da restrição da primeira zona de Porto Alegre de retirada das
carroças, que abrange o Cristal, Cruzeiro, Glória, Lomba do Pinheiro e outras.
E nós estaremos atentos, porque houve um trabalho muito grande de entidades, de
apoiadores, para que esta Lei fosse implementada nesta Cidade.
Este Projeto está registrando diversos atrasos nas
diversas frentes, especialmente, no cadastramento de carroceiros, no
funcionamento de seis Unidades de Reciclagem de Resíduos, prometidos pelo
Governo, mas todas estão atrasadas, sendo que quatro delas não tem projeto,
conforme noticiado na imprensa.
Para acompanharmos o Programa de forma eficiente,
não basta somente verificarmos, a partir do domingo próximo, se as carroças
estarão circulando, se serão orientados para, a partir de 30 dias, deixarem de
circular. Precisamos conhecer os processos licitatórios, a aplicação dos
recursos obtidos no BNDES, pois enviamos um Pedido de Informações, há 90 dias,
e ainda não obtivemos resposta. Nós temos intimidade com a chamada Lei das
Carroças, aprovada pela Câmara de Vereadores, como já disse, um trabalho
iniciado em 2005, com o objetivo de equacionar a questão de condução de
carroças por crianças e adolescentes, os maus-tratos aos cavalos, os problemas
relacionados à mobilidade urbana, e à coleta de resíduos. Para isso, foi criado
este Projeto de Capacitação para a inserção de carroceiros e carrinheiros com
emprego e renda. Nós precisamos cobrar e fiscalizar o cumprimento das leis, e
que essa prorrogação por mais 30 dias seja uma notícia agradável para que, a
partir do dia 1º de outubro, realmente, esses carroceiros, esses carrinheiros
sejam incluídos nesses programas de trabalho e inclusão social, e que nas
próximas zonas seja cumprido esse calendário que, a partir do ano que vem e do
ano seguinte, terão as outras vias e as outras zonas da Cidade com, finalmente,
a lei implementada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Clàudio Janta): Obrigado, Ver.ª Lourdes.
O Ver. Alberto Kopittke está com
a palavra em Comunicações.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Caros colegas, todos que nos assistem, mais uma vez, boa-tarde. Venho
aqui, neste momento de Comunicações, noticiar que o nosso Conselho Nacional de
Segurança Pública – Conasp, do qual tenho a honra de fazer parte, um órgão relativamente novo, vinculado ao
Ministério da Justiça, e que, assim como os demais Conselhos – Conselho
Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Assistência Social, Conselho Nacional
de Educação –, o Conasp, que nasceu da primeira Conferência Nacional de
Segurança Pública, em 2009, tem a função de democratizar a discussão das
políticas públicas de segurança, definir diretrizes e buscar também,
obviamente, recursos para essa importante política pública que vem sofrendo,
nesses 40 anos da história do Brasil, um seriíssimo e crônico problema: é a
única política pública do nosso País que teve resultados negativos nesses
últimos 40 anos. Todos os indicadores de violência do nosso País aumentaram, e
exatamente nessa política pública nós ainda não temos a previsão constitucional
de um fundo para garantir os recursos por parte da União, dos Estados e dos
Municípios para que seja financiada essa política. A segurança pública, através
do art. 144, ficou sob responsabilidade exclusiva, naquele momento, dos Estados
Federados, que são exatamente os Estados que quebraram financeiramente, muito
por causa do desenho federativo – como vários colegas aqui, tantas vezes,
tratam – que concentrou recursos na União e quebrou todos os Estados do nosso
País, financeiramente.
O Conasp se reuniu na segunda e na terça-feira,
esta semana, em Brasília, e os conselheiros foram até o Congresso Nacional. O
Conasp é formado por entidades da sociedade civil que foram eleitas de forma
direta por mais de 200 entidades do País, membros do Governo e servidores,
trabalhadores da Segurança Pública, num desenho tripartite, e nós ainda
sonhamos que se reproduza nos Estados e Municípios este modelo de Conselho
também na Segurança Pública. Os Conselheiros foram ao Congresso Nacional
reivindicar a aprovação da PEC nº 24, do Senador João Capiberibe, que é a PEC
que cria, que insere na Constituição do nosso País o Fundo Nacional de
Segurança Pública, que adviria, entre outras formas, da captação de 3% do lucro
dos bancos do País para o financiamento da Segurança Pública, entre outras
fontes de recursos. E nós, então, fomos ao Congresso exigir que o Congresso
aprove esta PEC e em sequência à PEC nº 24 aprove a PEC nº 300, que é
exatamente a PEC que prevê, após a criação do Fundo Nacional, a criação do Piso
Nacional dos servidores da Segurança Pública, uma reivindicação antiga dos
trabalhadores, dos policiais da Segurança Pública do Brasil. Este é um tema
fundamental, nós estamos lutando para que o Governo Federal e a Presidenta
Dilma se sensibilize com este tema e possa, efetivamente, estruturar um sistema
de financiamento que vá para Estados e para os Municípios para que possamos dar
um salto. Apenas para que aqueles que nos assistem tenham noção, o Governo Federal
gastou no ano passado 120 bilhões com saúde no Brasil. Que bom! Que gaste muito
mais, pois ainda é pouco. Com educação o Governo Federal gastou 64 bilhões. Que
bom! E agora, com o Pré-Sal este recurso com certeza vai aumentar. E com
segurança pública gastou apenas 300 milhões. Então são 120 bilhões, 64 bilhões,
e para a Segurança Pública apenas 300 milhões. Então, efetivamente, se queremos
dar um salto na qualidade da segurança, sem ficar apenas tratando de forma
fenomênica, muitas vezes até populista sobre o tema da Segurança Pública, o
tema gravíssimo do nosso País, precisamos estruturar um sistema de
financiamento da Segurança Pública através da aprovação da PEC nº 24 que vai
efetivamente garantir o financiamento para esta política pública. Trago aqui essa
informação para conhecimento dos colegas nesta luta pela PEC nº 24 e a PEC nº
300, para que o Congresso Nacional as aprove o quanto antes, pois o custo são
as 50 mil vidas ceifadas todos os anos pela violência no nosso País.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clàudio Janta): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em
Comunicações.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Vereador-Presidente Clàudio Janta, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores,
público que nos assiste; quero aproveitar esta oportunidade neste período de
Comunicações para falar de duas reuniões importantes que fiz nos últimos dias,
até já passou um tempo, mas acabamos não tendo muitas oportunidades para usar
esta tribuna. Uma foi com o Secretário de Planejamento do Estado, o João Motta,
a respeito de recursos do Governo Federal. Nós estivemos conversando com ele
anteriormente a respeito do BRT, sobre aquele problema que eu já tinha falado
desta tribuna a respeito do corredor de ônibus para o BRT. Os recursos do
projeto da Prefeitura só previam até a Av. Saturnino de Brito, e o terminal do
BRT seria junto à Manoel Elias com Protásio Alves. Só que o BRT é uma linha
rápida e ficaria com um trajeto de três quilômetros sem corredor; mesmo com
todo o trabalho e todo o custo que a Prefeitura teria, a rapidez desse ônibus
ficaria prejudicada. Então, estivemos conversando com o Secretário João Motta,
do Governo do Estado, e ele entendeu essa prerrogativa e acabou colocando como
projeto para o PAC da Mobilidade Urbana, Ver. Clàudio Janta. E, segundo as informações
que recebemos do Secretário João Motta, está bastante adiantado e deverão vir
recursos do Governo Federal, do PAC da Mobilidade, para completar. Teremos,
então, o corredor de ônibus nessa extensão de três quilômetros na Av. Protásio
Alves, entre a Saturnino de Brito e a Manoel Elias. Assim como também deverão
vir recursos para o Caminho do Meio, que liga a continuação da Protásio até
Viamão, favorecendo Alvorada e Viamão.
Também tive uma reunião com o Diretor-Presidente do
GHC, Sr. Nery – Ver. Clàudio Janta, o senhor que tem lutado muito pela Saúde –,
a respeito do Posto de Saúde do Jardim Leopoldina, que é na Praça México. Até
seria uma contrapartida de recursos que viriam do Governo Municipal com o GHC,
um acerto de contas, mas parece que não deu certo. O GHC, depois de muita
discussão que a gente tem feito junto com a comunidade, com o Conselho de
Saúde, vai implantar lá a construção, a reforma. Na verdade, não será uma
reforma, será desmanchado o Posto de Saúde do Jardim Leopoldina, junto à Praça
México, junto ao Colégio Baltazar, e será construído um novo posto de saúde
modelo, modelo nacional, que é exemplar no Brasil, um modelo de primeira linha,
Ver. Clàudio Janta. Será implantado ali pelo Grupo GHC, no Jardim Leopoldina,
junto à Praça México, o que é muito importante para aquela região que é
bastante populosa. O GHC, até o final do ano, deve iniciar a licitação e,
então, as obras desse posto de saúde.
Também estivemos junto com o Deputado Adão
Villaverde e com o Secretário Michels, da Segurança, e falamos a respeito da
segurança das quatro áreas que o Governo Estadual implantou no Morro Santa
Teresa, Lomba do Pinheiro, Restinga e Jardim Leopoldina. Colocamos a ideia de
que sejam utilizadas câmaras de vídeos nessas áreas de paz. Agora o Governo Estadual,
o Secretário Michels, junto com o Ministério da Justiça, conseguiu, através do
“Crack, nem Pensar”, recursos, e vieram para Porto Alegre 60 câmeras, mais três
micro-ônibus, seis motos e seis carros para essas áreas. Nós conversamos com o
Secretário, junto com o Deputado Adão Villaverde, e o Secretário nos garantiu
que 20 dessas câmeras estarão no Território da Paz do Jardim Leopoldina-Rubem
Berta. Com isso, aquela região ficará coberta com esse sistema de câmeras, que
será ligado diretamente a um micro-ônibus. Será acompanhada, então, a segurança
do bairro, podendo ser em pontos estratégicos, na frente das escolas, na Praça
México, em várias regiões do Bairro, melhorando ainda mais a segurança desse
Território da Paz. Vinte delas estarão lá; mais 20 ou 40, no Centro, então, uma
importante iniciativa do nosso Governo Estadual, junto com o Governo Federal,
em parceria, também, com a Secretaria de Segurança do Município, que dará um
certo suporte depois da instalação dessas câmaras para o monitoramento da
região.
Foram três agendas importantes que nós fizemos no
decorrer desse primeiro semestre, Ver. Marcelo: uma, na parte da Segurança, no
Jardim Leopoldina e nos Territórios da Paz; outra, na área da Saúde, junto com
o GHC; e outra com o Secretário João Motta, que vai trazer mais mobilidade
urbana para aquela região da Protásio Alves, Morro Santana, Rubem Berta,
Leopoldina, que utilizarão o BRT. Portanto, o nosso mandato, junto com essas
pessoas, buscando iniciativas para melhorar as condições do nosso Município.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clàudio Janta): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra em
Comunicações.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Boa-tarde a todos e a todas que nos assistem, aos servidores da Casa;
apesar de ser uma tarde em que não há votações, em que a Câmara sofre um certo
esvaziamento, de qualquer forma, como o próprio Presidente Thiago diz, milhões
de pessoas nos assistem pela TVCâmara, então, é uma oportunidade. Tudo parece
que anda para frente, mas, na verdade, a gente pode ver retrocessos incríveis,
como estamos vivendo neste exato momento. Acaba de chegar aqui às nossas mãos a
decisão judicial de ontem que condena o Município de Porto Alegre a cumprir o
Plano Diretor Cicloviário. O Plano Diretor Cicloviário é a Lei Complementar
Municipal nº 626/09, que prevê, no seu art. 32, § 2º, a destinação de 20% das
multas de trânsito para a construção de ciclovias. Essa emenda foi uma emenda
parlamentar do então Ver. Beto Moesch, que, concertado com o Governo em 2009,
fez aprovar esse artigo destinando 20% das multas de trânsito para a construção
de ciclovias e campanhas educativas voltadas ao uso adequado da bicicleta.
Ocorre que, em primeiro lugar, não se cumpre isso,
tanto que essa Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público e provocada
por nós lá em 2011 agora chega ao seu final. Esperamos que o Município não
recorra dessa decisão. Chega ao final com a condenação do Município no
cumprimento desse artigo, e não poderia ser diferente. Mas o Município, inclusive,
alegou que seria inconstitucional esse artigo. Isso foi objeto de uma discussão
no pleno do Tribunal de Justiça, que reconheceu a constitucionalidade da lei,
desse artigo específico. Portanto, é constitucional a reserva de 20% das multas
de trânsito. O Município arrecada em torno de 30 milhões por ano em multa de
trânsito, então, calculem 20% disso ao ano, que deveriam ser aplicados nessa
questão da bicicleta e não é.
Eu queria fazer também aqui uma espécie de uma
retrospectiva e falar – como tenho um tempo bastante amplo – um pouco sobre os
projetos de lei. O nosso primeiro projeto de lei, quando entramos na Casa, foi
justamente a criação de um fundo para que esse recurso das multas de trânsito
ficassem em um fundo. A criação desse fundo, com um comitê gestor e com a
participação da sociedade civil, é para que esse dinheiro não se perca mais no
caixa único do Município. Pois bem, na semana passada, o Executivo apresentou
aqui um projeto de lei – talvez copiando o nosso – criando esse fundo, ou seja,
temos, desde janeiro, tramitando um projeto, e agora vem o Município e
protocola um projeto idêntico, criando um fundo sem a participação paritária da
sociedade – aí já tem um déficit democrático no próprio fundo – e, pasmem,
revogando o art. 32 que prevê os 20% das multas. Um dos motivos mencionados
aqui na Exposição de Motivos – está desatualizado aqui o Município – é de que
ainda está pendente, junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul, a questão da constitucionalidade. Não está mais, já foi julgado, é
constitucional, portanto, judicialmente, a constitucionalidade desse artigo não
se discute mais.
O SR.
PRESIDENTE (Clàudio Janta): Passamos ao
O Ver. Marcelo Sgarbossa prossegue sua manifestação
em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Engº Comassetto.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Agradeço ao Ver. Engº Comassetto, que não pôde fazer o Grande Expediente
e me cedeu essa oportunidade, agradeço a ele e aos colegas de Partido – Ver.
Mauro Pinheiro, Ver. Alberto Kopittke e Ver.ª Sofia Cavedon – pela oportunidade
de falar aqui, seja, em alguns momentos, em meu nome, seja em nome do mandato,
ou em nome dos meus colegas do Partido dos Trabalhadores. Então, é uma pena que
nós avançamos e retrocedemos. Aqui, no caso, estamos lutando para que as
políticas voltadas para a mobilidade urbana não retrocedam, para o bem da
Cidade, para uma outra cidade, uma cidade mais voltada para as pessoas e menos
para o fluxo, para a fluidez dos automóveis. Então, nessa linha, que o mandato
tem se posicionado. Estou aqui com os colegas assistindo, o Beto e o Cristiano,
e já quero agradecer. Quando nos perguntam: “O que você está achando, Marcelo,
do mandato?” O bom do mandato, uma das grandes vantagens é essa: poder ter uma
articulação institucional e ter uma equipe qualificada que pode acompanhar e
fazer com que o trabalho do mandato, do coletivo, consiga se potencializar. E,
dentro dessa linha do mandato, uma das iniciativas importantes foi a criação da
Frente Parlamentar para discutir um plano de mobilidade urbana para Porto
Alegre. Segundo a lei federal, Porto Alegre tem – e as cidades todas do Brasil
– um prazo de três anos, e esse prazo termina em 2015, para constituir e
elaborar o seu plano municipal de mobilidade urbana. Porto Alegre não iniciou
ainda esse debate, um debate que, necessariamente, terá que ser feito com a
participação popular. E nós, então, tomamos a iniciativa, depois de uma
conversa com o Secretário de Transporte do Município, de lançar uma Frente
Parlamentar para debater e elaborar uma proposta de um plano de mobilidade
Urbana para Porto Alegre. Dentro dessas reuniões que têm acontecido
mensalmente, surge, então, um movimento que tem todo o nosso apoio, em defesa
do pedestre. Essa eu diria que é, se não a principal, a grande linha do meu
mandato daqui para frente; já tem sido nos últimos meses, e continuará, porque
é tão necessária uma linha de defesa dos pedestres. A Cidade é pensada em uma
escala não humana, e é isto que nós temos que retomar nas nossas cidades: a
perspectiva humana das cidades, e não a perspectiva da velocidade, ou dos
grandes edifícios, ou dos grandes monumentos, das grandes estruturas, mas
retomar a escala humana. Então, já faço um convite para quem nos assiste, para
quem está aqui: nessa sexta-feira, amanhã, como ocorre uma vez por mês, esse
movimento estará na Massa Crítica, no Largo Zumbi dos Palmares, às 6h30min da
tarde, com um abaixo-assinado, pressionando a Prefeitura para que ela crie,
dentro da EPTC, um departamento voltado para os pedestres. Vejam que a EPTC,
pelo seu próprio símbolo, pelo seu próprio logotipo, já deveria ser assim. O
símbolo da EPTC tem justamente a sigla pensando no pedestre. Foi assim que ela
nasceu como concepção. Então, vejam, essa concepção hoje não ocorre mais. O
pedestre é um renegado, como disse um artigo escrito por nós algum tempo atrás.
Então, a Cidade tem se voltado para essa lógica “carrocêntrica”. Dois exemplos
recentes: a Prefeitura quer abrir duas ruas; uma é justamente a Rua Pinheiro
Machado, uma rua que hoje é fechada, querem abrir para veículos automotores; e
ali, na Praça XV, no coração da Cidade, é um outro espaço que se quer abrir
para a circulação de automóveis. Ou seja, ao invés de restringir o uso de
automóvel, justamente se incentiva.
Nessa linha dos pedestres, nós protocolamos,
algumas semanas atrás, um projeto de lei que nós estamos chamando de 30
segundos, porque hoje, quando o pedestre chega à sinaleira e aperta o botão
para poder atravessar a rua, a sinaleira nunca abre, nunca chega a sua vez, ou
demora tanto para chegar que o pedestre acaba sendo convidado a fazer uma
infração de trânsito. Então, no nosso projeto de lei, nós prevemos que, a
partir do momento em que o pedestre aperta o botão, a sinaleira deverá abrir em
no máximo 30 segundos. É uma forma de respeito e priorização do pedestre. Por
que ela não abre em um tempo aceitável? Porque a sinaleira está sincronizada
para o trânsito de veículos automotores e, portanto, não há uma priorização da
pessoa, mas, sim, uma priorização do fluxo de veículos.
Também temos um projeto, com uma certa polêmica,
que é a redução da velocidade máxima na cidade de Porto Alegre. Hoje, nas vias
arteriais, Porto Alegre conta com uma velocidade máxima de 60 quilômetros por
hora, e o nosso projeto de lei visa a reduzir para 50 quilômetros por hora a
velocidade máxima. Talvez esses 10 quilômetros possam parecer pouco, mas nós
detectamos, nos estudos feitos – e é uma recomendação da Organização Mundial da
Saúde –, que esses 10 quilômetros a menos podem salvar metade das vidas, no
caso de um atropelamento. E, por falar em atropelamento, comparando os seis
primeiros meses de 2012 com os seis primeiros meses de 2013, nós tivemos um
aumento de 82% no número de casos de atropelamento de pedestres em Porto
Alegre. Então vejam que nós vivemos um problema que parece silencioso, mas
morrem a todo dia, nos corredores de ônibus – idosos principalmente –, pessoas
atropeladas na nossa Cidade. E o nosso projeto de redução da velocidade máxima
visa a justamente isto: preservar vidas e, inclusive, melhorar a fluidez do
trânsito. Por incrível que pareça, as críticas que chegam é que, com a redução
da velocidade máxima, poderia causar mais congestionamentos na Cidade. Pois
bem, estudos em Londres, por exemplo, no horário de pico, é reduzida a
velocidade máxima para permitir uma melhor fluidez. Porque é uma questão
lógica: os carros, andando mais lentamente, conseguem estar mais próximos e,
estando mais próximos, ocupam menos espaço; ocupando menos espaço, temos menos
congestionamentos. E, mesmo que se pensasse que 10 quilômetros a mais ou menos
fizessem tanta diferença, nós fizemos o cálculo, graças a um colega nosso, o
engenheiro Aldo, que fez um cálculo e nos mostrou que, em 5 quilômetros,
andando a 60 quilômetros por hora ou andando a 50, a diferença são 39 segundos
apenas. E vejam que ninguém consegue andar 5 quilômetros sem parar e sempre na
mesma velocidade. Então, a gente costuma dizer que andar mais rápido em Porto
Alegre é andar mais rápido para chegar antes no congestionamento. Portanto, não
há nenhum ganho de tempo.
Também tivemos um projeto de lei que muda o
Estatuto do Pedestre, destinando recursos também das multas de trânsito para
políticas voltadas à priorização dos pedestres, que é um outro projeto de lei
nosso.
Falando de mais outras ações do mandato, um projeto
que proíbe a incineração do lixo na cidade de Porto Alegre e toda a discussão
da coleta seletiva. Aqui nós temos o nosso projeto de lei do Plano Diretor
Cicloviário. O projeto mais recente nosso prevê que toda a fiação de Porto
Alegre seja subterrânea. É o projeto mais recente protocolado por nós, já gerou
alguma discussão na mídia e em alguns espaços específicos, projetos que visam
ao embelezamento da Cidade e à segurança das pessoas.
Nós tivemos aqui vários casos, mas um caso ficou
mais notório: na frente da Faculdade de Direito da UFRGS, uma pessoa, chamada
Vavá, morreu eletrocutada por um cabo que se soltou num dia de chuva. Hoje,
existe ali uma parada de ônibus, Ver. Janta, específica, dedicada ao Vavá, que
faleceu justamente por causa de um cabo. E a grande pergunta que vem é: quem
vai pagar isso? Porque, realmente, não é uma obra barata fazer o enterramento
de todos os fios da nossa Cidade. Bom, nós estamos aqui prevendo a
possibilidade, inclusive, de Parcerias Público-Privadas, sendo que, em alguns
lugares, como em São Paulo, na Av. Paulista, 9 de Julho, Goiânia, Paraná, já
fizeram, seja com incentivos do Programa Monumenta, que visa à reestruturação e
à requalificação dos centros históricos, seja com a parceria de comerciantes,
pessoas que têm ali um comércio, que se juntam e decidem custear essa nova
visão da Cidade, uma Cidade mais limpa, menos estressante.
Então, é um projeto cuja tramitação começa. Faço
aqui um reconhecimento: o Ver. Adeli Sell, meu companheiro de Partido, já tinha
este projeto há um tempo; nós verificamos, antes de elaborar o projeto, que não
estava em andamento. Então, não sabíamos da existência de um projeto anterior
dele, que hoje está arquivado. O nosso projeto vai no mesmo sentido. O projeto
do Ver. Adeli se limitava mais à área do Centro; o nosso pensa na Cidade toda.
Temos um projeto justamente para incentivar, nas
escolas, a educação para o trânsito voltada para o uso adequado da bicicleta.
Esta é uma crítica que recebemos seguidamente: que os ciclistas não têm tido
educação para o trânsito, e é verdade. Não há, nas escolas, educação para o
trânsito voltada para o uso adequado da bicicleta. É um projeto nosso.
Há um projeto que visa a que merenda escolar seja
feita com produtos orgânicos, então, haverá um período gradual para que as
escolas se adaptem, ao longo do tempo, e as crianças comecem a ingerir
alimentos orgânicos, de origem orgânica.
Criamos aqui um projeto que ainda não tem
divulgação, um programa que obriga o Município de Porto Alegre a criar horários
diferenciados de chegada e saída nos expedientes. O que significa isso? Talvez
nem todo o mundo precise chegar às 8h30min da manhã, Vereador, e sair às 18h.
Talvez o sujeito tenha uma situação tal que lhe permita chegar às 9h30min, sem
prejuízo para o funcionamento do Poder Público, do atendimento ao cidadão, se
for o caso, e possa sair às 8h30min ou 7h30min. Então, por que não se criar,
ainda que em caráter experimental, num primeiro momento, uma ideia de
intercalamento no horário de chegada e saída – é isso? –, para fins de
mobilidade urbana e de qualidade de vida dos servidores públicos, inclusive na
Câmara de Vereadores – por que não? –, criar-se um programa em que as pessoas,
cumprindo a sua carga horária, possam chegar em horários diferentes. As
alegações contrárias que vêm: “Mas e as escolas?” Nem todo mundo tem filho na
escola; não necessariamente todo mundo precisará chegar nesse horário.
Obrigatoriedade de criar estacionamentos de
bicicletas nas áreas azuis de Porto Alegre: vagas para carros; vagas para
bicicletas também. Hoje, notamos que há uma política do Município no sentido de
restringir espaços para as bicicletas. Havia sido permitido que alguns
comerciantes colocassem bicicletários nas calçadas, retirando o espaço do
pedestre. Ou seja, sempre a lógica – de novo – de uma cidade, de uma gestão
voltada para o carro, não se pode tocar no espaço do automóvel, o automóvel
como elemento central da vida de Porto Alegre – uma visão totalmente
equivocada, na nossa opinião.
Temos um projeto do plantio de árvores, uma ideia
que não é nossa – as boas ideias devem ser copiadas –, que diz que, quando o
sujeito compra um automóvel, a concessionária fica obrigada a plantar uma
árvore – uma visão simbólica, mas efetiva também, de uma nova sociedade que
queremos. Sabemos que o Ver. Garcia também protocolou um projeto nesse sentido,
estamos conversando para ver se unificamos as iniciativas.
Há um projeto que cria o Fundo Municipal dos
Direitos da Mulher – não há política pública sem recursos. Então, por que não
um fundo público, um fundo gerenciado com a participação social, com controle
social para as políticas voltadas às políticas de promoção de igualdade de
gênero e contra discriminações relacionadas às mulheres?
A obrigatoriedade de informação sobre que linhas
passam nas paradas de ônibus. Vereadores e público, não se sabe quais linhas
passam. Infelizmente não se sabe, mesmo tendo lei que defina isso, que
determina que as empresas que exploram comercialmente aqueles espaços das
paradas seriam obrigadas a informar as linhas. Uma lei não cumprida. Então, nós
temos aqui um outro projeto nesse sentido.
Um projeto que deve vir a plenário em breve é o da
inclusão da energia fotovoltaica, ou seja a energia solar transformada em
energia elétrica. Pessoalmente, eu tenho um painel fotovoltaico em cima do meu
prédio, consegui convencer os demais condôminos e temos lá um painel que recebe
energia solar e a transforma em energia elétrica. Há uma resolução inclusive da
Aneel que já prevê que, se eu gerar mais energia do que estou consumindo, tenho
que ter isso registrado e no mês seguinte abatido. Então, uma cidade que
consuma menos energia com aproveitamento da luz solar.
E um projeto que fala do transporte de animais nos
ônibus. Este é um projeto que tem uma determinada polêmica com receio de que
isso vá tomar espaço no ônibus. Já há um projeto do Executivo, que nos espantou
um pouco, pois o Executivo, em vez de vir com a gente, propôs outro projeto.
Que bom. Traz algumas diferenças, três diferenças em relação ao nosso projeto,
limitando os horários, das 9h às 17h, permitindo que as pessoas transportem
seus animais de pequeno porte numa caixa, devidamente acondicionados, sem
possibilidade de vazamentos, com toda a questão de higiene e garantia da vacinação,
assim por diante. Uma medida que visa, em última análise, a transformar o
ônibus naquele espaço em que a possa também levar seu animal, sem ocupar um
espaço demasiado, por isso uma caixinha e um animal de pequeno porte. É um
projeto que tem inúmeras adesões; tem um certo receio de algumas pessoas,
principalmente dos rodoviários, na questão da ocupação do ônibus, por algum
conflito que possa gerar. Em algumas cidades já existe, em Uruguaiana já é
permitido; é permitido o transporte de animais entre Municípios, entre Estados,
então estamos simplesmente adaptando a legislação, permitindo o transporte de
animais de pequeno porte também nos ônibus.
Para encerrar, esta é um pouco a visão dos nossos
projetos de lei. Temos outras ações do mandato. Temos o Aniversário na Praça:
todo último sábado do mês fizemos um aniversário para simbolizar que a praça é
um lugar de comemorar aniversário, de encontrar as pessoas, não precisa pagar
um lugar para comemorar o aniversário. Esta é uma das linhas do mandato: a ocupação
e a qualificação dos espaços públicos. A Escola da Bicicleta. Temos um colega
nosso que levou seu filho para aprender a andar de bicicleta aqui na Câmara;
quem quiser aprender a andar de bicicleta, fizemos a Escola de Bicicleta,
voltada principalmente para adultos, uma vez por mês. Então, o mandato está
direcionado a várias frentes.
Eu queria deixar novamente aqui o agradecimento a
toda equipe: dois colegas estão aqui nos assistindo, mas também ao Lourenço, ao
Renato, que acabam de se filiar ao PT, à Any, ao Paulo, ao Maurício e a toda
uma série de pessoas que acompanham nosso mandato e que têm contribuído. Muitas
dessas leis, como a lei dos 30 segundos para pedestre, foi uma ideia do Enrico;
o projeto dos animais, do Claudiomiro – colegas nossos que nos apoiam, pessoas
que estão conectadas conosco e contribuem para que a gente faça um mandato cada
vez mais coletivo e menos personalista, e que traga a ideia de que há um ser
iluminado, um Vereador cheio de ideias. Sou apenas o instrumento desse grupo, dessas
pessoas que pensam e que trabalham com o mandato, que trabalham com o coletivo.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clàudio Janta): Muito obrigado, Ver. Marcelo Sgarbossa. O Ver.
Prof. Alex Fraga está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo
da Ver.ª Fernanda Melchionna.
O
SR. PROF. ALEX FRAGA: Boa-tarde a todos que nos assistem pela TVCâmara;
Ver. Clàudio Janta, que preside a Mesa. Um agradecimento especial à Ver.ª
Fernanda Melchionna que me cedeu o seu tempo em Grande Expediente.
Vou tentar usar da forma mais
enfática e breve possível o espaço que me foi cedido, para fazer algumas
colocações, deixar alguns pensamentos para a população da nossa Cidade, do
nosso Estado, e, de acordo com algumas teorias, para as milhões de pessoas que
nos assistem pela TVCâmara.
Como bem falou o Ver. Christopher Goulart, ontem,
um fato político no nosso País me causou muita tristeza, talvez tenha causado
indignação e tristeza também em boa parte das pessoas, meus conterrâneos. Nós tivemos
a absolvição, via Plenário, na nossa Câmara Federal, de um Deputado criminoso,
condenado, presidiário. Falamos aqui anteriormente da ressocialização dessas
pessoas. Eu espero que esse Deputado, quando sair do presídio, depois de
cumprir a pena que lhe foi imputada, que ele possa se ressocializar, ele tem
esse direito, mas, enquanto criminoso, ele deve pagar. Mas não é bem essa a
mentalidade ou a ideia de muitas das pessoas que estavam presentes, eram 131
Deputados Federais, para ser mais preciso, no dia de ontem, na Câmara Federal.
Pessoas essas que pagam suas contas com o dinheiro público, são nossos
funcionários, literalmente falando, eles deveriam estar lá zelando pelos nossos
interesses. Eu não conheço nenhuma pessoa, ninguém que não fosse favorável à
cassação desse criminoso. Só pelo simples fato de ele ser uma pessoa eleita,
cumprir um mandato, representar o seu Estado, faz dele melhor do que qualquer
outra pessoa? Ele não é melhor do que ninguém, não é melhor do que eu, não é
melhor do que nenhum de vocês. É um criminoso e deve pagar por isso. Mas 131
pessoas acharam que não, que ele deveria ser absolvido, continuar com o seu
mandato no presídio, recebendo vencimentos pagos por vocês, contribuintes. E, de certa forma, o que me deixa mais indignado ainda são todas as
abstenções que nós tivemos ontem, inclusive abstenções maciças da Bancada
gaúcha! Então, para esclarecimento das pessoas que não buscaram essas
informações, eu trouxe o nome de todos os Deputados que não estavam presentes
ontem na Sessão. Vamos deixar bem claro que todos eles têm as suas
justificativas, mas a meu ver, o interesse coletivo é mais importante do que
qualquer uma dessas justificativas, e a mais alegada é que eles estavam
cumprindo compromissos inadiáveis na Expointer. O que vocês, contribuintes, o
que vocês, cidadãos, acham mais importante: votar pela moralização da política,
a expulsão de um criminoso de uma de nossas máximas casas legislativas ou ver
desfile de vaca? Por favor, eu não pago ninguém para ver vaca desfilando numa
pista!
Tudo bem, as bases
eleitorais exigem, os fazendeiros, os latifundiários que sustentaram as
campanhas milionárias de alguns desses talvez estivessem cobrando: “Vai ver a
minha vaca lá; vai bater palma para o meu touro, talvez ele seja o campeão da
nossa Expointer”. Mas é mais importante moralizar a política! Junho provou
isso. A população nas ruas, o levante popular, a ocupação desta Casa, isso
mostra a indignação do povo com esse tipo de política que continua a ser
utilizada no nosso País. Isso é uma vergonha! Isso é uma baixaria! E por isso
eu trouxe esta lista. Ela está no ClicRBS, eu tirei de lá, na Internet: “Sr.
Afonso Hamm (PP), Sr. Alceu Moreira (PMDB), Sr. Alexandre Roso (PSB), Sr. Beto
Albuquerque (PSB), Sr. Elvino Bohn Gass (PT), Sr. Darcísio Perondi (PMDB), Sr.
Dionilso Marcon (PT), Sr. Eliseu Padilha (PMDB) [Opa, o Eliseu Padilha é
suplente, está assumindo as suas funções há pouco tempo, que legal],Enio Bacci
(PDT), Giovani Cherini (PDT), José Otávio Germano (PP), Renato Molling (PP), Ronaldo
Zulke (PT), e Vilson Covatti (PP)”. Nós temos uma Bancada com 31 Deputados
Federais, sendo que 14 faltaram. Isso é uma vergonha! Para pessoas que se
mostraram, em junho, preocupadas com as manifestações, pediram calma para as
pessoas: “Não, vamos conversar, tudo vai dar certo, nós vamos resolver os
problemas. Agora, a Câmara dos Deputados está ouvindo o clamor das ruas!”.
Ouvindo o quê? Continua tudo a mesma bagaceirada, isso é uma baixaria.
Infelizmente, essa prática vai acontecer até que as pessoas, que colocaram
esses senhores lá em Brasília, mudem a sua concepção, parem de vender voto,
parem de negociar votos, cargos, favores. A culpa é nossa, eles são nossos
representantes – eu não votei em nenhum desses, vou deixar bem claro –, mas
meus conterrâneos votaram, eles estão lá, de certa forma, me representando
também, eu faço parte dessa população e não me conformo com a atitude deles!
Para mim é prioritária a presença num momento importante, numa votação
fundamental, numa pauta que pode fazer muita diferença, a diferença entre
colocar para a população uma justificativa perante toda a sua indignação, a sua
revolta, que se manifestou em junho. Mas, infelizmente, não é essa a
mentalidade dos nossos representantes. Infelizmente! Eu acho que essas manifestações
vão continuar; dia 7 de setembro – já existe um pessoal se organizando – vai
ser maior, e eu espero, do fundo do meu coração. Talvez, após o desfile
militar, nós tenhamos as ruas invadidas por pessoas que não compactuam, que não
são favoráveis a esse tipo de prática. Isso é uma baixaria, é uma pouca
vergonha, isso desqualifica a Câmara.
Outra coisa, gostaria de levantar um outro assunto.
O Governo deve estabelecer prioridades, já que o cobertor é curto, e tu tens
que escolher entre cobrir a cabeça ou os teus pés, cubra o que para ti, Sr.
Prefeito, for mais importante. Sr. Prefeito, o senhor tem 27 Secretarias – acho
que esse é o dado –, e reclama que falta verba para a Saúde, e mais os departamentos, muito bem lembrado pelo Ver. Mauro Pinheiro.
O Sr. Mauro Pinheiro: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Mais os departamentos, as empresas, a
Procempa, a Carris, o DEMHAB, são diretores que são como se fossem Secretarias.
Se não me engano, são 37.
Eu cito uma das
Secretarias que eu não vejo por quê: a Secretaria Especial dos Direitos
Animais. Eu sou biólogo, já falei anteriormente, eu me preocupo com os animais,
é uma das minhas lutas a preservação ambiental, mas essa Secretaria drena
recursos de outras que, a meu ver, são muito mais importantes, como a Secretária
da Saúde. Nós temos várias viaturas nas ruas andando pela nossa Cidade, à
disposição da Secretaria Especial dos Direitos Animais – SEDA, e faltam
ambulâncias na nossa Cidade para atendimento à população. Tem gente morrendo
pelas ruas! Esses veículos que estão à disposição de uma Secretaria que,
basicamente, trabalha com castração de animais... E aí a Ver.ª Lourdes, em
outro momento, falou: “Não, mas se preocupa também com zoonoses”. Isso era
parte da Pasta da Secretaria da Saúde, e, no momento em que tu desvinculas a
SEDA da Secretaria da Saúde, tu retiras, de certa forma, verbas da Secretaria
da Saúde. O nosso Prefeito está mostrando que ele se preocupa mais com
cachorrinho, mais com gatinho do que com a população que o elegeu, com o
cidadão que paga o seu salário, que paga o salário de todos os Secretários e de
todas as pessoas que estão penduradas na teta deste Governo. Há maior
preocupação com isso. E outra: e a população que depende, de certa forma, dos
animais. Agora, neste final de semana, nós tiramos as carroças, como bem
lembrou a Ver.ª Lourdes, das ruas. O que a Prefeitura fez para realocar toda a
população que não vai mais poder contar com este meio de transporte para fazer
coleta seletiva, por exemplo? A Prefeitura realocou essas pessoas em outros
postos? Aumentou o número de unidades de catação e triagem de lixo reciclável?
É uma pergunta que nos deixa intrigados.
A Sra. Lourdes Sprenger: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu queria fazer uma
correção. Eu não coloquei em nenhum momento que a SEDA cuida das zoonoses,
mesmo porque fiz parte dessa implantação, e o controle de zoonoses sempre ficou
com a Vigilância Sanitária, que recebe recursos fundo a fundo para atender
zoonoses. Só que essas zoonoses, que são feitas já por tradição, é o controle
da raiva, através dos testes em morcegos. Então, a SEDA nunca teve, no nosso
planejamento, quando lá estive e nem agora, o controle de zoonoses. Quanto ao
programa das carroças, esse programa deve promover a inclusão social com cursos.
Eu não posso detalhar mais porque não tenho aqui o que foi feito, como
mencionei anteriormente. Mas fica claro que a SEDA não trabalha com o controle
de zoonoses, nunca mencionei isso. Inclusive, há recursos que vieram para a
Copa para atender o controle de zoonoses, que eu acho que deve ser ampliado
até, não só o controle da raiva, mas isso é uma política nacional.
O SR. PROF. ALEX FRAGA: Então, me permita
fazer uma correção: corrigindo o que eu falei anteriormente, a SEDA não é
responsável pelo controle de zoonoses, é mais uma atribuição da Secretaria de
Saúde que, de certa forma, tendo mantidas as suas atribuições, as suas funções
originais, se vê mais sobrecarregada e com menor providência de recursos.
Então, isso agrava ainda mais a minha preocupação.
Muito obrigado, Ver.ª
Lourdes, uma boa-tarde a todos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clàudio Janta): Obrigado, Ver.
Alex.
A Ver.ª Fernanda
Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde a
todos e todas, eu queria aproveitar este momento, primeiro, para registrar o
meu orgulho, como Vereadora e neste momento Líder da Bancada do PSOL, de ter
desempenhado as minhas atividades parlamentares de luta ao lado do companheiro
Alex Fraga durante esta semana de lutas, aqui na Câmara Municipal. Um Vereador
que trouxe a esta tribuna um debate que indignou o País na noite de ontem e que
tem expressado essa militância do PSOL contra a roubalheira e contra a falta de
vergonha na cara. Porque, ontem, o Congresso conseguiu, além de mostrar o óbvio
e o ululante que estamos dizendo sistematicamente aqui, antes e depois do
levante de junho, que é surdo, cego e mudo aos apelos da população, mas mais do
que isso, conseguiu manter o primeiro mandato de um Deputado presidiário por
crime de corrupção, formação de quadrilha e desvio de recursos públicos da
Assembleia Legislativa de Rondônia, como foi o caso deste Deputado Natan
Donadon. Sujeito condenado a 13 anos – treze anos – pelos crimes que cometeu,
em todas as instâncias da Justiça, cumprindo pena no Presídio da Papuda, foi
mantido o seu mandato, pela ausência, é verdade, dos Deputados – e o Ver. Alex
Fraga traz essa denúncia que é fundamental. E, sinceramente, deputado vir à
Expointer, enquanto tem lá um cidadão ladrão, corrupto, sem-vergonha, num
processo de cassação, vem me dizer que é mais importante é estar aqui,
neste momento, podendo vir para a Expointer na quinta-feira, na sexta-feira, ou
a ausência de justificativas para várias ausências dos deputados federais – que
é um debate necessário, fundamental –, que o povo deve cobrar.
Mas, mais do que isso, deve cobrar a não
permanência do voto secreto, em pleno 2013, no Congresso Nacional. Como é que
podem os representantes do povo votarem secretamente, para se esconder das
defesas do interesse econômico, das suas defesas, neste caso, na manutenção de
um deputado quadrilheiro? Para se defenderem das posições que, na surdina, na
calada da noite, de maneira desavergonhada, não querem responder.
Quantos, hoje, estão dizendo que votaram pela
cassação do Deputado? E lá, no silêncio da votação, votaram pela corrupção,
pela falta de vergonha na cara, pela política do balcão de negócios, e pela
existência do primeiro Deputado presidiário, ladrão, na história do País.
Aliás, só um pouco, é que esse foi condenado,
porque no Congresso Nacional há vários Deputados que são conhecidos pela
roubalheira e pelo saque aos cofres públicos. Não vamos nos esquecer de
Senadores “malufs”, “collors”, “calheiros”, que estão todos sentados no palácio
do Poder, apesar de dezenas de denúncias, de investigações, do notório e sabido
envolvimento de vários desses cidadãos com a roubalheira dos cofres públicos. O
Maluf é internacionalmente procurado!
Mas, ontem, de fato, foi um tapa na cara de toda a
sociedade, de todos aqueles que se levantaram em junho, mais de dois milhões de
cidadãos nas ruas do nosso País, com seus cartazes, defendendo os serviços
públicos, combatendo o aumento das passagens, denunciando as obras da Copa, que
estão faltando nas áreas sociais. Nesse momento em que os professores do Estado
estão fazendo uma greve para ganhar o piso do magistério, que é de R$ 1.500,
Vereadores, e os trabalhadores têm que fazer uma greve, porque o salário básico
é de R$ 900. Enquanto os Deputados ganham R$ 20 mil, e vocês sabem da nossa
opinião sobre o salário dos Vereadores, e o que nós fizemos em 2011, nesta
Câmara de Vereadores, quando registramos o nosso voto, do PSOL.
Mas essa é a vergonha desse modelo político, que
privilegia os ricos e poderosos, os corruptos e quadrilheiros, as grandes
corporações, em detrimento dos serviços, da vergonha na cara, dos direitos
humanos, dos direitos dos trabalhadores. Então, eu espero que o povo volte às
ruas, porque não adianta ficar ouvindo e vendo essas barbaridades sem lutar.
Tem uma música, Presidente Clàudio Janta, do Gabriel O Pensador, que diz: “Até
quando você vai ficar levando porrada, porrada; até quando vai ficar sem fazer
nada?” Que voltem as mobilizações para acabar com essa vergonha na cara.
(Não revisada pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Clàudio Janta): Muito bem, Ver.ª Fernanda Melchionna.
Com a presença
dos Vereadores Prof. Alex, Mauro Pinheiro, Fernanda Melchionna e este Vereador,
que dirige os trabalhos, visivelmente, não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 18h9min.)
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